A Galinha Pintadinha: os segredos por trás do fenômeno
novembro 16, 2012O que ocorre no corpo durante um Susto
novembro 17, 2012Não dá para pular do ensino médio para uma boa faculdade sem passar pelo martírio do vestibular. Uma fase de muita dedicação, cobranças e sem garantias de sucesso. Uma maratona marcada por obstáculos como a competição, a matéria interminável, o cansaço mental e a temida ansiedade. Em poucas fases da vida a capacidade cerebral é tão exigida.
Segundo o neurologista Leandro Teles: “O vestibular não é uma prova qualquer. Primeiro porque tem muita coisa em jogo, segundo, pois aborda o conteúdo de toda uma vida escolar. O aluno precisa tirar o máximo de sua capacidade intelectual e, principalmente, emocional. A memória, por exemplo, é exigida em toda sua complexidade, da retenção à evocação direcionada. Sairá na frente o aluno que souber manter o foco e a melhor estratégia de estudo para esse tipo específico de cobrança”.
Pedimos ao especialista que indique e comente as principais orientações para otimizar a performance cerebral no contexto do vestibular
- Ambiente: Estudar em ambiente preparado é o primeiro passo. Iluminação direta e branca, mesa limpa, móveis confortáveis, etc… Nesse contexto com poucos distratores o que é realmente importante salta aos olhos e é mais facilmente memorizado. Nada de televisor ligado, música, redes sociais, etc… Evite pilhas de livros, textos esparramados e interrupções. É muito melhor foco por um tempo menor, intercalado com os outros afazeres, do que estudar muito tempo em meio a outras atividades concomitantes.
- Repouso: Nada de perder o sono para estudar mais. É durante o sono que a memória é organizada e consolidada. Virar a noite estudando pode até funcionar como desespero para uma prova do colégio, aonde a matéria é menor e dá para encarar o desafio só com a memória pouco consolidada. Mas o vestibular é bem diferente, a distância entre o estudo e a prova é de meses e a matéria precisa de consolidação para vencer o stress na hora “H”. Além disso, o sono descansa o cérebro e o corpo para o dia seguinte de atividades. Pra quem acorda cedo e vai ao colégio ou cursinho,até aquele cochilo de 30 minutos após o almoço está liberado para melhorar o rendimento do estudo a tarde, obviamente sem exagero para não perder o sono da noite.
- Destaques: decorar tudo é impossível. O segredo do sucesso é destacar os conceitos, pontos principais e palavras chaves. Foi-se o tempo que os bons vestibulares cobravam “decorebas” e rodapés de livros. Hoje em dia, cobra-se conceito, capacidade de raciocínio em cima deles, integração do conhecimento e o poder de improvisação. Atente para o conceito, destaque-o com letras grandes, grife, circule, copie, desenhe, fala em voz alta, troque de cor, etc … .Faça qualquer coisa para destacar a ideia primordial. Condense textos em parágrafos, parágrafos em frases, frases em uma palavra. O poder de síntese organiza o raciocínio, ajuda também a abrir a “gaveta” cerebral certa na hora de responder às perguntas.
- Revisão: Arma importante na consolidação da memória. Quanto mais vezes algo é recordado, mais firme fica na cabeça. Algo que é vivenciado e não é recordado em algumas semanas tem pouca chance de ficar na memória. A revisão pode ser bem mais rápida que o estudo, algo que custou 1 hora para ser entendido pode ser revisado em 5 minutos ou menos. O tempo deve ser administrado para que toda a matéria seja coberta com folga e bem antes da prova, para que, na reta final, uma revisão reaqueça os temas adormecidos pelo tempo e distância da prova. No mundo ideal são recomendadas revisões planejadas a cada 2 meses.
- Alimentação: durante o ano priorize alimentos de fácil digestão, rico em nutrientes e vitaminas. Prefira várias porções e pequenas quantidades. Alimentos muito gordurosos e calóricos, principalmente em grande quantidade dificultam a concentração e lentificam o processo cerebral. Isso, pois, após uma grande refeição o fluxo sanguíneo é redirecionado ao estômago e intestino, além do aumento da acidez do estômago que leva a uma redução da acidez sanguínea por um tempo. Tudo isso gera sono e baixa disposição. Por outro lado, nada de estudar com fome, a fome é mais um estímulo que competirá com o estudo e tirará o foco do aluno. Beba bastante água, evite o álcool e os alimentos muito estimulantes, pois, em excesso, podem paradoxalmente reduzir a atenção como um todo.
- Associações mentais: toda pessoa com boa de memória faz isso. Para memorizar algo que não atrai o interesse uma técnica possível e associar o conceito a algo que já está gravado na mente (chamamos isso de regra mnemônica). É interessante para fixar nomes, datas, sequencias e fórmulas. Crie rimas, músicas, links mentais, siglas, etc… Quanto maior o componente emocional ou o humor da associação, melhor! O cérebro pode carregar uma boa regrinha mnemônica pela vida inteira.
- Metas: nosso empenho se alimenta de metas. Fundamental estabelecer um planejamento claro, com metas objetivas e com prazo de execução (quanto mais curto melhor). E nada de metas impossíveis ou improváveis! Cumprido o cronograma, parta para atividades extras, isso melhora a autoestima, reduz a ansiedade e minimiza a culpa no descanso e atividades sociais.
- Desempenho linear: essa última dica é fundamental. Muitos alunos oscilam no rendimento durante os meses, aumentando a carga de estudos conforme aumenta a proximidade da prova e o desespero. Outro equívoco é disponibilizar tempo menor para matérias que não gosta. Acabam surgindo alunos totalmente assimétricos, com rendimento excelente em algumas matérias e sofrível em outras. O ideal é um ritmo linear de estudo e não deixar o gosto pessoal interferir no planejamento. Não deixe matéria não compreendida para trás e nada de “jogar a toalha” para nenhuma matéria específica.