Essa dor de cabeça é preocupante? Conheça 8 sinais de alarme!
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setembro 13, 2018A enxaqueca está entre as doenças mais frequentes e incapacitantes que se tem conhecimento. Estima-se que mais de 30 milhões de pessoas sofram com o transtorno só no Brasil. A OMS aponta a enxaqueca entre as 20 doenças mais incapacitantes que se tem conhecimento.
A incidência da enxaqueca é bem maior na MULHERES, atingindo níveis alarmantes, de até 25% (1 a cada 4!) durante a idade fértil (dos 12 aos 50 anos). Fora da fase reprodutiva a incidência entre homens e mulheres é semelhante e gira em torno de 8%. Mesmo crianças e idosos podem apresentar enxaqueca, geralmente com franco impacto na qualidade de vida, com repercussões escolares, sociais e profissionais, principalmente entre os pacientes com frequência alta de crises.
RECONHECENDO A ENXAQUECA
Dor de cabeça é um fenômeno muito comum, acredita-se que até 90 % da população apresente algum tipo de cefaleia eventual. Existem mais de 200 tipos / causas de dor de cabeça. A enxaqueca é um desses tipos, o segundo mais frequente, perdendo apenas para a dor de cabeça tensional. No entanto, dado o seu carácter mais forte e incapacitante, a enxaqueca figura como o tipo de dor de cabeça mais importante que se tem conhecimento, levando muitas pessoas ao médico, ao pronto socorro, ao absenteísmo no trabalho, com intensas repercussões financeiras e sociais.
Portanto, quando falamos em enxaqueca estamos falando da tendência (predisposição) a um tipo bem peculiar de dor de cabeça: forte, agressivo, que piora com atividades cotidiana, marcado por sintomas associados, tais como: náuseas, vômitos, incômodo pela luz, barulho e cheiros fortes. A dor geralmente predomina em um dos lados da cabeça (hemicrania), com característica pulsátil (latejante). Uma crise típica dura entre 4 e 72 horas (podendo até durar mais em casos peculiares). Cerca de 20% dos pacientes apresentam ainda mais um fenômeno: a aura neurológica. A aura é um sintoma neurológico transitório, que geralmente ocorre antes de uma crise de enxaqueca (podendo ocorrer raramente durante ou depois ou mesmo ser isolado, sem dor). A aura mais comum é a visual, aonde o paciente vê pontos brilhantes ou escuros, atrapalhando a visão. Mas são auras bem descritas: formigamentos, fraqueza em um lado do corpo, bloqueio de fala, vertigem, etc. Uma aura típica dura entre 5 e 60 minutos, causando geralmente muito temor ao paciente e familiares (julgando estar tendo um AVC, por exemplo).
Com isso dividimos a enxaqueca em 2 tipos: Comum (sem aura – 80%) e Clássica (com aura – 20%)
Para diagnosticar alguém com ENXAQUECA é importante definir o tipo de crise, afastar outras causas e identificar uma franca tendência à recorrência. Para a forma sem aura o diagnóstico é feito após a 5 crise típica recorrente. Na forma com aura, 2 crises típicas são suficientes. Na prática a distinção mais importante é entre cefaleia TENSIONAL (mais frequente) e ENXAQUECA (mais incapacitante).
CAUSAS, GATILHOS E PREDOMÍNIO NA MULHER
A causa da enxaqueca não é completamente conhecida, mas acredita-se que hajam fortes determinantes genéticos. Existe uma clara predisposição entre pessoas com histórico familiar positivo para o transtorno.
Por isso que não tem crise de enxaqueca quem quer, mas sim quem tem genética para isso. Agora, não podemos confundir a causa da predisposição a crises com os gatilhos, que são fatores que aumentam o risco de alguém ter uma crise de enxaqueca.
A enxaqueca é uma doença bastante heterogênea, os pacientes são muito diferentes entre si, em termos de intensidade, duração, frequência e principalmente nos gatilhos (isolados ou associados). Os gatilhos mais frequentes como desencadeadores de uma crise são: ficar muito tempo sem comer, estresse psíquico, privação de sono, alimentos específicos, oscilação hormonal (pré menstrual principalmente), calor excessivo, luz e barulho ambiental, etc.
Alguns pacientes são mais sensíveis a um tipo de gatilho ou outro, devendo tanto o médico como o paciente buscar identificar os gatilhos individuais importantes para tentar modifica-los.
No quesito alimentar os desencadeadores mais referidos são: vinhos (principalmente tinto), queijos (principalmente os mais amarelos e envelhecidos), chocolates, alimentos com glutamato monossódico, condimentos, frutas cítricas, etc. Quando falamos de sono, a privação é um gatilho importantes, mas alguns pacientes referem crises quando dormem em excesso também. O estresse psíquico é um fator de risco muito frequente e importantes e pessoas mais ansiosas por tem esse gatilho ainda mais amplificado.
A pessoa com tendência à enxaqueca possui uma espécie de instabilidade cerebral, uma predisposição a apresentar vasodilatação, inflamação e percepção dolorosa a uma infinidade de atilhos internos e ambientais. Alguns podem ter crises em dias muito quentes, em ambientes muito tumultuados, durante infecções virais, e assim por diante. Como podemos ver o gatilho muda, mas a resposta do organismo é com uma crise típica e estereotipada de ENXAQUECA.
Entre os gatilhos de maior destaque está a questão hormonal. Acredita-se que a maior incidência no sexo feminino (marcadamente após a primeira menstruação) é fruto da oscilação dos hormônios sexuais femininos durante o ciclo menstrual. O hormônio mais associado à enxaqueca é o ESTRÓGENO, sendo que o problema não é sua presença, mas a sua oscilação. Durante o ciclo menstrual normal, ou mesmo no ciclo ocorrido durante o uso de um anticoncepcional clássico (de pausa), o estrógeno apresenta uma queda logo antes da menstruação. Essa queda intensa e abrupta instabiliza o cérebro de quem tem enxaqueca podendo culminar em crises de predomínio pré-menstrual. Cerca de 65 % das mulheres apresentam crises predominantemente na fase pré ou intramenstrual. Cerca de 15 a 20 % apresentam crises restritas a esse período do mês.
Além dessa fase do ciclo menstrual existem outras fases de oscilação hormonal que intervém na frequência de crises. Na gravidez, por exemplo, pode ocorrer piora no primeiro trimestre, fase de ascensão hormonal importantes, com tendência a melhora no segundo e terceiro trimestres.
Na menopausa existe uma melhora entre as pacientes que apresentavam uma tendência mais pré menstrual. Isso é uma tendência, não uma regra, cerca de 60% das mulheres melhora após a menopausa, enquanto 20% ficam na mesma e 20% podem até piorar.
O uso de anticoncepcional em paciente com enxaqueca é um tema complexo. Não recomenda-se o uso em pacientes com enxaqueca com aura, principalmente se acima de 35 anos e tabagistas, dado o risco de trombose e AVC (mesmo que pequeno). Na enxaqueca sem aura, o anticoncepcional pode determinar melhora em cerca de 1/3 das mulheres, piora em 1/3 e estabilidade no 1/3 restante.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é basicamente clínico, fruto da história clínica aliada a um exame neurológico normal. Exames de imagem cerebral são geralmente desnecessários, sendo recomendados apenas em casos em que o médico desconfie de outras patologias, a serem descartadas pois tais exames (tais como tumores, sangramentos, trombose, etc.). O mesmo vale para exames de sangue e outros que se façam pertinentes para afastar outros transtornos.
TRATAMENTO
O tratamento da enxaqueca varia muito caso a caso (personalizado). Para paciente com crises raras e eventuais é possível medicar somente a crise (analgésicos e anti-enxaquecosos de ação aguda) e evitar gatilhos evidentes. No entanto, para quem tem muitas crises ao mês (acima de 2 crises, o tratamento sem dúvida exigirá medidas preventivas, eventualmente com medicamentos profiláticos e mudanças de estilo de vida. Recomenda-se a todos uma boa alimentação, fracionada, atividade física com predomínio de atividades aeróbicas, ritmo regular de sono e controle ambiental (evitando excesso de calor, ambientes muito iluminados por longo tempo, etc). Existem medicamento específicos (dado pelo neurologista) na prevenção de crises, são remédios usados diariamente, em dose baixa, que visam reduzir a frequência, a intensidade e melhorar a resposta aos analgésicos usados durante as crises. Seu uso é crônico, geralmente por mais de 6 meses, existem diversas opções e o médico escolherá de acordo com o contexto clinico apresentado.
Durante o seguimento é fundamental preencher um diário de dor, um impresso que marque os horários, frequência, tipos, intensidade, gatilhos, ciclo menstrual, isso trará uma avaliação mais direcionada e objetiva em casos de maior complexidade.
MITOS & VERDADES
- Enxaqueca é mais frequente nas Mulheres. VERDADE
- Toda dor de cabeça mais forte pode ser considerada uma enxaqueca. MITO
- A enxaqueca desaparece na menopausa. MITO
- A causa da enxaqueca está no fígado. MITO
- O uso excessivo de analgésico piora a enxaqueca. VERDADE
- Quem tem enxaqueca deve tomar cuidado com alguns alimentos. VERDADE
- Exame de imagem (ressonância ou tomografia) é fundamental para fechar o diagnóstico. MITO
- Existe cura para enxaqueca. MITO
- Quem tem enxaqueca não pode tomar anticoncepcional. MITO