Doença de Alzheimer
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setembro 12, 2018Essa é uma das doenças neurológicas mais temidas pela POPULAÇÃO. Quem nunca ouviu uma história trágica envolvendo a ruptura de um aneurisma cerebral? No imaginário coletivo, o TERMO aneurisma figura entre os mais preocupantes que se tem conhecimento.
O ANEURISMA é uma distorção anatômica da parede de uma ARTÉRIA (um vaso sanguíneo de leva sangue para os órgãos, incluindo o cérebro). Quando existe uma dilatação patológica localizada na parede de uma artéria, dizemos que ali há um aneurisma. Essa dilatação traz FRAGILIDADE ao vaso, tornando seu ROMPIMENTO mais fácil. Um aneurisma pode ocorrer em qualquer artéria do corpo humano, quando acontece nas artérias que nutrem o cérebro, chamamos de aneurisma CEREBRAL.
Existe vários tipos de ANEURISMAS, a depender do tamanho, da localização, do formato, da causa, etc. O risco de um aneurisma está na CHANCE de RUPTURA e risco de sangramento cerebral, que pode ser muito perigoso.
Acredita-se que cerca de 3 a 5 % da população desenvolva esse tipo aneurismas cerebrais durante a vida, sendo a maioria congênitos (nascem com a pessoa, um tipo de malformação). A maioria deles são pequenos e assintomáticos, sendo desconhecidos pelos seus portadores. Por isso, dizemos que o aneurisma é uma doença muitas vezes silenciosa. A manifestação clínica ocorre no momento da ruptura (com sangramento cerebral), ou quando o aneurisma é grande e comprime estruturas ao seu redor, como nervos cranianos. A maioria dos aneurismas não rompe durante a vida, esse evento ocorre com cerca de 5% dos aneurismas. Como o aneurisma muitas vezes não traz sintomas é muito frequente que ele seja descoberto meio “sem querer”, investigando outras patologias ou sintomas gerais. Agora, quando aneurisma se distende e rompe os sintomas são geralmente fortes, evidentes e a evolução clínica pode ser catastrófica. Isso pois o extravasamento de sangue pode ser maciço (pois as artérias têm pressão forte), dentro de uma cavidade fechada, o crânio.
O risco de rompimento varia muito de um caso para o outros, e muitos passam a vida inteira sem incomodar. Acredita-se que o risco anual de rompimento esteja em cerca de 0,5 a 1 % ao ano. Sendo maior para aneurismas grandes (acima de 10 mm – 1 cm de diâmetro). Por isso, que o achado de aneurisma em jovens preocupa mais, pois a expectativa de vida é maior, sendo o risco de rompimento maior. Pessoas com fatores de risco cardiovasculares também apresentam risco maior de rompimento, principalmente com hipertensão descontrolada e com uso de anticoagulantes orais.
Existe um risco genético maior para quem tem familiares de primeiro grau com aneurismas (quanto mais familiares, maior o risco). Também existe Além dos aneurismas congênitos (que nascem com a pessoa). Existem outros tipos (causas): aneurismas por hipertensão descontrolada (microanuerismas), aneurismas por inflamação ou infecção, aneurisma traumático, etc.
SINTOMAS
Como relatado acima, a maioria dos aneurismas não dá aviso de que está lá. São geralmente assintomáticos até encontrar em alguma estrutura ou romper. O rompimento é a manifestação mais comum. Nos ESTADOS UNIDOS ocorrem cerca de 30.000 sangramentos por aneurismas por ano. O sangramento é uma ocorrência GRAVE, abrupta e potencialmente FATAL.
A pressão dentro de uma artéria é alta, por isso durante uma ruptura de aneurisma, muito sangue pode extravasar, causando uma DOR INTENSA e SÚBITA, a pressão intracraniana pode aumentar e estrutura cerebrais podem ser comprimidas.
Para se ter uma ideia, na ruptura de um aneurisma cerebral, cerca de 40% dos pacientes morrem antes de chegar ao HOSPITAL (sendo causa morte “súbita”) ou nos primeiros 30 dias de internação. Dos 60 % restantes mais da metade apresentam sequelas neurológicas graves na evolução.
É fundamental ficar de olho em DOR de cabeça que surgem de FORMA SÚBITA, repentina, e que atinge seu ápice em poucos segundos. Rigidez de nuca e alteração do estado mental também são indicativos de hemorragia suspeita. Outra dica é sempre valorizar as queixas de DOR de CABEÇA que surgem durante atividade sexual e exercícios físicos (principalmente ao pegar peso). Essa ocorrência exige uma avaliação neurológica imediata, pois a chance de distensão ou sangramento é razoável. O diagnóstico preciso pode salvar a vida, pois o risco de ressangramento catastrófico é elevado.
A missão de identificar um aneurisma sem qualquer sintoma não é nada fácil. Quase sempre é um achado que um exame que foi feito para outra hipótese (aneurisma chamado de incidental – achado de exame). Não existe recomendação de fazer exames para a população geral, sem qualquer sintoma. A não ser quando a pessoa tem familiares com aneurismas, principalmente quando mais que 1 (2 ou mais familiares).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de um aneurisma cerebral exige um estudo direcionado para anatomia das artérias. Muitas vezes uma Tomografia ou uma ressonância do cérebro, mesmo com contraste, não enxerga um ANEURISMA menor que 15 mm. Por isso, é recomendado um exame mais específico, como a Angio-Tomografia ARTERIAL ou uma Angio-Ressonância ARTERIAL, ou até um exame mais invasivo, chamado ARTERIOGRAFIA CERBRAL, com um cateterismo direto das artérias do cérebro. Cada um desses 3 exames tem suas indicações, vantagens e limitações.
Na suspeita de um sangramento causado por um aneurisma, o exame inicial a ser realizado é a tomografia de crânio ou a ressonância (pois a capacidade deles verem um sangramento ativo é alta). Em casos selecionados, o exame do líquor (retirada de líquido da espinha) é recomendado também. O paciente deve ser visto e investigado no PRONTO SOCORRO e ser internado imediatamente em UTI na confirmação de um sangramento aneurismático. Geralmente a internação é prolongada e modifica muito a vida do paciente e familiares.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser personalizado caso-a-caso. Precisa avaliar o tipo, tamanho e localização do aneurisma, além da idade do paciente e contexto clínico. Em alguns casos é feito apenas um seguimento clínico, como em paciente mais idosos, aneurismas pequenos ou de difícil acesso e pessoas com doenças sistêmicas graves. Outra coisa importante é definir se o aneurisma sangrou ou não. Se já sangrou a tendência a tratar é muito maior, uma vez que o ressangramento pode ser catastrófico.
Quando optado por tratamento é muito importante definir entre duas modalidades básicas: a microcirurgia aberta (com colocação de CLIP de metal na base do aneurisma) ou a embolização, aonde o paciente faz um cateterismo e coloca molas dentro do aneurisma, excluindo-o da circulação. Ambas modalidades têm vantagens e desvantagens.
Seja como for o tratamento exige um hospital referência e uma equipe neurocirúrgica treinada. Pacientes que se recuperam bem do sangramento (e trataram o aneurisma), ou que tiveram seus aneurismas operados antes de um sangramento podem levar uma vida praticamente normal, com baixa taxa de recorrência. Mas precisam de seguimento regular.