Cérebro turbinado – Descubra como melhorar sua memória!
setembro 19, 2018Paralisia Facial
setembro 21, 2018A menopausa marca o final do ciclo reprodutivo feminino. Ocorre por volta dos 50 anos (data da última menstruação). É definida (retrospectivamente) após 12 meses sem menstruação, já que existe uma irregularidade menstrual característica nesse período, antecedendo a interrupção. A menopausa é um marco, mas o período de alteração hormonal é mais longo, podendo começas anos antes e se encerrar anos depois, geralmente entre os 45 e 55 anos. Esse período mais longo é chamado de climatério (principalmente o período que antecede a menopausa) ou peri-menopausa (quando aborda o período todo em torno da menopausa).
A menopausa ocorre em cada mulher de forma bastante heterogênea e peculiar, algumas passam pelo período de ajuste hormonal sem apresentar muitos sintomas, outras apresentam sintomas intensos tornando a adaptação muito complicada. A idade exata da transição também varia muito de mulher para a mulher, sendo a idade da menopausa materna um parâmetro estimado da fase provável de menopausa.
O que marca a peri-menopausa é a redução progressiva da produção do ESTRÓGENO e da PROGESTERONA pelos ovários Chamamos de insuficiência ovariana. Com isso a mulher deixa de ciclar, deixa de ovular no meio do ciclo e deixa de menstruar progressivamente, até a interrupção (chamada de menopausa). Com isso a mulher transita de um período de fertilidade, para um período de infertilidades. Além da interrupção dos ciclos menstruais e da infertilidade uma ampla série de transformações se impõe nessa época, tanto do ponto de vista físico, como ginecológica e mesmo neuropsicológico. As alterações da peri-menopausa são fruto tanto da carência hormonal, chamado de fator biológico, como de alterações socioculturais e psíquicas decorrentes dessa fase de dilemas, adaptações e transformações pessoais e de contexto de vida.
SINTOMAS DA PERI-MENOPAUSA
Físicos
Físicos
Os sintomas físicos mais frequentes na menopausa são – ondas de calor, ou fogachos, intolerância térmica, secura vaginal (podendo causar dor na relação), redução da libido, anorgasmia, alteração de pele e cabelo, alteração do risco cardiovascular, ganho de peso, redução da massa óssea, entre outros.
Os sintomas físicos possuem um forte determinante biológico da perda da ação estrogênica nos tecidos. Os sintomas mais frequentes são fogachos, baixa libido, irregularidade menstrual e secura vaginal. Agora, a questão mais importante é o aumento do risco cardiovascular. O estrógeno protege a mulher com relação ao risco cardiovascular, que é menor em relação ao sexo masculino durante o período fértil e se iguala após a menopausa.
Neurológicos
Sintomas neurológicos são frequentes, tais como: queixas de concentração e memória, sintomas de tontura ou zonzeira, sintomas depressivos e ansiosos, distúrbios de sono, fadiga, entre outros. Nessa fase podem surgir dores no corpo, queixas de dores de cabeça e alguma irritabilidade.
Entendendo os sintomas neurológicos
Vamos abordar nessa pauta os sintomas neurológicos e neuropsiquiátricos da menopausa, assim como seus determinantes e medidas preventivas e terapêuticas.
De modo geral os sintomas neurológicos são TRANSITÓRIOS e não ocorrem em todas as mulheres. A causa é multifatorial, envolvendo fatores biológicos e fatores contextuais dessa fase de vida.
FATOR BIOLÓGICO (HORMONAL)
Os hormônios sexuais femininos atuam à distância, em vários órgãos, inclusive no cérebro. Antes da cessação da produção desses hormônios, existe uma progressiva redução que acompanha-se de oscilação. Tem momentos que o ovário na pré menopausa produz mais hormônios, enquanto em outros momentos essa produção é menor. Os receptores de estrógeno no cérebro se distribuem preferencialmente em regiões relacionadas ao humor, à cognição (atenção e memória) e ritmo de sono. Por isso que os sintomas são geralmente oscilatórios nessa fase, com fases de melhora e piora. Quando a menopausa se consolida, a oscilação acaba e os sintomas geralmente melhoram no pós menopausa, principalmente a irritabilidade e as queixas cognitivas.
FATOR CONTEXTUAL (FASE DA VIDA)
A menopausa não é marcada apenas por questões hormonais. Existe um complexo conjunto de fatores de contexto de vida e psicodinâmicos envolvidos nessa fase da vida. A menopausa é um marco do envelhecimento, a migração de uma fase de fertilidade para uma fase de infertilidade. Para muitas acaba sendo acompanhada de crises psíquicas de meia idade, reflexos de vida, questionamento de papeis sociais, etc. As transformações físicas e hormonais se adicionam a essa nova fase psíquica. Questões relacionadas à autoestima, ao crescimentos e maturidade dos filhos, às crises no casamento, a frustações do ramo profissional, não podem ser negligenciadas na ocorrência dos sintomas neuropsiquiátricos. A mulher fica mais susceptível à ansiedade, depressão, distúrbios variados de sono, por esses fatores associados (teoria multicausal).
A própria cultura disseminada da menopausa como uma ocorrência intensa e desagradável, como um marco da entrada na terceira idade, também não ajuda. Muitas mulheres já sofrem por antecipação, apresentam hipervigilância com relação a sintomas, tornando-se ainda mais sintomáticas.
A falta de informação e de ferramentas preventivas para cruzar essa fase inexorável da vida leva a muitas mulheres a uma menopausa ainda mais complicada.
Vamos abordar alguns sintomas neurológicos frequentes nessa fase:
DEPRESSÃO
Depressão é um transtorno extremamente frequente na população geral, em ambos os sexos e em diversas fases da vida. As mulheres são ainda mais susceptíveis que os homens (têm o dobro do risco), podendo atingir um risco de 20% durante a vida (1 a cada 5). Em algumas fases a mulheres ficam ainda mais vulneráveis, tais como pós-parto e menopausa. A progressiva queda hormonal atrelada às questões psicossociais discutidas no item acima justifica esse aumento de incidência.
A depressão é uma doença complexa e de causa multifatorial, incluindo uma predisposição genética. Os sintomas podem ser físicos e psíquicos:
- Duração superior a 14 e intensidade suficiente para comprometer a qualidade de vida e desproporcional às ocorrências de vida.
- Tristeza e Melancolia intensas
- Perda da capacidade em sentir prazer (em coisas que antes davam prazer)
- Baixa autoestima
- Frustração
- Negativismo
- Pessimismo
- Oscilação de peso
- Distúrbios de sono
- Baixa libido
- Dores crônicas
O diagnóstico exige afastar outras doenças que possam causas e explicar melhor os sintomas.
O tratamento da depressão exige medidas variáveis caso a caso, e podem incluir:
- Psicoterapia
- Mudanças no estilo de vida
- Antidepressivos
- Reposição hormonal pode ajudar em alguns casos selecionados.
IRRITABILIDADE
Queixa muito frequente durante a Peri-menopausa. Muitas mulheres se sentem impacientes e intolerantes nessa fase, em uma espécie de TPM prolongada. Acredita-se que a constante oscilação estrogênica seja responsável por esse efeito. A instabilidade de humor pode gerar insatisfação e frustração, com problemas de relacionamento interpessoal, principalmente com esposo, filhos e colegas de trabalho. Crises emocionais marcadas por fases de raiva, melancolia e choro, são comuns.
Fundamental buscar medidas anti-estresse, períodos e atividades mais relaxantes, manter atividades físicas e recreativas. Em casos selecionados, psicoterapia associada a medicamentos fitoterápicos ou alopáticos podem ajudar. Algumas mulheres preenchem, nessa fase, critérios para transtornos ansiosos, que podem necessitar também de tratamento específico.
QUEIXAS COGNITIVAS (BRAIN FOG)
As queixas cognitivas são muito frequentes na menopausa. Mais de 50% das mulheres nessa fase da vida referem que sua memória não é mais a mesma, que eventualmente tem dificuldade de evocar nomes, palavras, números e datas. Muitas referem desatenção, dificuldade em realizar mais de uma tarefa, baixa concentração e falta de criatividade. As queixas geralmente são leves, transitórias e subjetivas, sendo difícil acessá-las em testes padronizados. Existem múltiplas teorias a cerca dessa ocorrência, desde carência de estrógeno, até impacto de sintomas depressivos, ansiosos e das alterações do sono na cognição.
Em inglês, usa-se o termo “brain fog” (nevoeiro no cérebro) para se referir a essa fase de baixa cognitiva transitória. Esse quadro não é preditor de demência, sendo geralmente de evolução benigna.
Claro que em casos de piora mais intensa da cognição é fundamentos investigas causas específicas, como as demências pré senis (antes dos 60 anos), além de outras doenças neurológicas e clínicas que possam levar a queixas intelectuais (tais como hipotireoidismo, carência de vitamina B12, HIV, AVC, etc.)
Afastados problemas mais sérios o “brain fog” (benigno – da menopausa) pode ser acompanhado ou até medicado com fitoterápicos, exercícios mentais, atividade física entre outras medidas conservadoras. Importante transmitir a paciente o carácter benigno e transitório da afecção. Reposição hormonal pode ajudar em casos selecionados.
DISTURBIOS DE SONO
Queixas relacionadas ao sono são também muito frequentes menopausa. Tanto dificuldade em iniciar o sono (insônia inicial como a dificuldade em manter o sono. Em parte essa dificuldade por ser explicada pelos fogachos (ondas de calor) e pela transpiração noturna, marcante nessa fase da vida na maioria das mulheres. Além disso a mulher pode desenvolver um transtorno chamado apneia do sono (geralmente pós menopausa), aonde o sono fica interrompido por episódios de parada da respiração, entremeadas com roncos. A apneia é mais frequente em mulheres acima do peso.
Além dos fogachos e apneia o próprio sono pode ficar mais dificultoso e superficial. O sono inadequado acaba levando a um efeito cascata que gera sonolência diurna, indisposição e fadiga. Alguns quadros de ansiedade e depressão também podem alterar o sono, devendo sempre ser investigados nessa fase.
Como medidas preventivas e terapêuticas iniciais sempre recomenda-se:
- Ter uma certa rotina – com regularidade de horário para dormir e acordar
- Evitar alimentos estimulantes ou em excesso a noite (preferir alimentos relaxantes)
- Praticar exercícios aeróbicos regularmente – mais longe do horário de dormir.
- Cuidar do ambiente de sono – roupa, colchão, controle térmico do quarto, etc.
- Redução luminosa (melatonina)
- Atividades de transição (anti-estresse)
Em casos selecionados podem ser usados fitoterápicos ou medicamentos hipnóticos para auxiliar a condução dessa fase. Quando a suspeita recair sobre apneia do sono, o exame de polissonografia pode ajudar.
OUTROS SINTOMAS NEUROLÓGICOS
ENXAQUECA: A enxaqueca pode pior durante a perimenopausa, assim como podem surgir dores de padrão tensional. Após a menopausa há uma tendência a melhora, pelo menos para cerca de 30% das mulheres que tinham crises predominantemente na fase pré-menstrual.
FIBROMIALGIA: A fibromialgia pode se manifestar ou se agravar durante a menopausa, importante ficar atendo a dores disseminadas pelo corpo, crônicas e sem motivos aparente, principalmente se associadas à fadiga, sintomas depressivos, disfunções intestinais, etc.