Depois da tempestade, a bonança. É nesse clima que entramos de férias, meses e meses de trabalho suado, pressão, desgaste físico e mental e enfim, um momento para descansar, viajar, encontrar pessoas queridas, uma fase de renovação. Mas, e depois da bonança, vem o quê? Muitas vezes, voltamos para a tempestade, para um contexto parecido com aquele que deixamos antes de sair de férias, fazendo do milagre das férias um alívio apenas transitório. E á desse momento que iremos falar nesse pequeno texto, do retorno ao trabalho ou a vida escolar.
A chamada síndrome pós férias é um conjunto de sinais e sintomas que podem acompanhar esse período de readaptação do relógio biológico e de reajuste do ritmo de vida. A grande maioria das pessoas sente desconforto psíquico, físico e oscilação cognitiva nessa retomada. Mas, na maioria das vezes, os sintomas são transitórios (de 2 a 10 dias de evolução) e de leve intensidade, não necessitando intervenção.
Agora, cerca de ¼ da população pode apresentar sintomas mais intensos e arrastados (acima de 2 semanas) com impacto evidente na qualidade de vida e do rendimento profissional, escolar ou social, configurando uma situação mais preocupante. Esse profissional está em risco de quadros depressivos, fenômenos ansiosos, distúrbios de sono, sintomatologia clínica como dores de cabeça, tensão muscular, alterações gastrointestinais, além do risco de abuso de substancia, como álcool e medicamentos.
Acredita-se que cerca de 40% das pessoas já saem de férias pensando no impacto desagradável e estressante do retorno. Outro dado alarmante é que 5% dos brasileiros retornam ao trabalho mais estressados do que quando saíram de férias (tendo as férias feito um efeito negativo com relação ao estresse). Cerca de 65% volta sentindo-se melhor, mas perdem esse efeito inicial em 1 semana no ritmo do retorno (sendo essa uma duração muito aquém do esperado para um evento de férias anuais). Apenas 20% conseguem manter a médio / longo prazos o ganho obtido nas férias. Como podemos ver o impacto do pós férias é subdimensionado, pouco ou nada se fala dos sintomas de readaptação que são intensos em mais de 5 milhões de brasileiros.
Síntomas da Síndrome Pós-Férias |
– FADIGA FÍSICA e MENTAL |
– IRRITABILIDADE / INTOLERÂNCIA |
– TRISTEZA e FALTA de MOTIVAÇÃO |
– BAIXO RENDIMENTO COGNITIVO |
– FRUSTAÇÃO |
– SINTOMAS FÍSICOS (Intestinal / tensão muscular / dor de cabeça / insônia / tontura) |
A causa da síndrome pós férias é multifatorial:
Durante as férias dormimos e despertamos em horários mais flexíveis e muitas vezes muito diferentes do que estamos habituados no cotidiano. Isso sem contar no eventual fuso horário das viagens e de cochilos eventuais no período da tarde. Férias de 30 dias são mais do que suficientes para alterar de forma bastante contundente nosso relógio biológico, que precisará ser reajustado no retorno ao trabalho. Além do ritmo de sono, alteramos horários de refeições, horário de pico de atividades, entre outras mudanças cronobiológicas. O maior sincronizador do nosso relógio interno é o hábito, por isso demoramos um pouco no retorno eu perfil de funcionamento que estávamos habituados.
O retorno ao trabalho pode estar associado ao retorno ao trânsito, às pressões no trabalho, a pagamento de contas, acúmulo de trabalho, mudanças internas que exigem mais adaptações, acúmulo eventual de tarefas (férias de colegas ou remanejamento pós demissões), problemas de relacionamento interpessoal no trabalho, etc. Adicione ainda toda nossa instabilidade política e econômica, o aumento nas taxas de demissões (mercado de trabalho difícil), inflação elevada (redução do poder de compra), o que gera ainda mais ansiedade e menor poder de barganha por parte do empregado.
Muitas vezes a intensidade dos sintomas pós férias vem sinalizar que algo já não vinha bem. Cerca de 90 % das pessoas que se queixaram de sintomas prolongados já se sentiam pouco motivadas, pouco valorizadas e desanimadas com o trabalho antes das férias. Muitas vezes saímos e acreditamos no milagre das férias, que o retorno será marcado por uma nova fase, um novo clima e que os problemas serão resolvidos em um passe de mágica. Na prática isso quase nunca ocorre. No retorno os problemas estão todos lá, te esperando pacientemente, gerando frustração e um contraste mais forte devido ao seu afastamento. Por isso, a síndrome pós férias deve ser vista como um possível marcados de insatisfação crônica e necessidade de redirecionamento profissional ou pessoal.
As áreas de atuação que mais apresentam esses sintomas são: pessoas que trabalham no mercado financeiro, profissionais da saúde e pessoas do ramo de informática. Áreas marcadas por turnos, pressões (estresse crônico) e por vezes instabilidade profissional.
Quanto mais longas as férias, mais difícil pode ser a adaptação, assim como
EVENTOS ESTRESSANTES do RETORNO das FÉRIAS |
Ajuste do Relógio Biológico |
Acúmulo de TRABALHO |
ADAPTAÇÃO a MUDANÇAS |
FRUSTRAÇÃO |
Maior RISCO |
– Pessoas pouco motivadas com o trabalho |
– Baixo reconhecimento profissional |
– Pessoas com tendência a Depressão e Ansiedade |
– Férias Longas e infrequentes |
7 DICAS PRECIOSAS para EVITAR ou AMENIZAR a Síndrome Pós Férias
DICAS para Amenizar o ESTRESSE do RETORNO |
1- Readaptação Lenta e Progressiva |
2- Tirar Férias mais curtas e Frequentes |
3- Reavaliar a Rotina Pós Férias |
4- Eleger Lugares adequados para as Férias |
5- Usar técnicas de ativação cerebral nos primeiros dias |
6- Manter atividades Sociais e de Lazer |
7- Valorizar o Lado Positivo das Rotinas (Retorno) |