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setembro 25, 2018A Doença de Parkinson (DP) está entre os principais transtornos neuro-degenerativos da atualidade. Acredita-se que cerca de 1% da população acima de 65 anos seja portador. Isso contabiliza mais de 6 milhões de pessoas pelo mundo, sendo mais de 300 mil pacientes só no Brasil. Isso a torna o segundo transtorno degenerativo mais frequente do sistema nervoso central, atrás apenas da famosa doença de Alzheimer.
A doença se manifesta clinicamente, na maioria das vezes, por volta dos 50 aos 65 anos de idade, sendo crônica e progressiva. Existem casos de início mais tardios e mais precoces, acredita-se que cerca de 10% dos casos ocorram antes dos 50 anos, sendo 5 % antes dos 40 anos. As formas mais precoces podem se associar a Parkinsonismos genéticos (mais raros).
Trata-se de uma doença neurológica crônica e lentamente progressiva.
SINTOMAS
Na doença de Parkinson os sintomas motores são os mais exuberantes, a forma mais comum traz uma associação de lentificação de movimentos, rigidez muscular e tremor. O portador apresenta dificuldades progressivas de realizar tarefas que exijam destreza e velocidade. O quadro geralmente começa de um lado do corpo, acometendo o outro lado na evolução do problema.
O tremor é o sintoma mais característico, mais conhecido, apesar de não ser presente em todos, pois existe formas da doença aonde o paciente não treme (Parkinson atremulante, cerca de 15 a 20%). O tremor geralmente é de um tipo específico, sendo pior no repouso (melhorando com o movimento), é geralmente lento (cerca de 4 Hz, oscilações por segundo) e piora durante a marcha. Muitas vezes o paciente parece estar contando dinheiro ou enrolando pílulas, dado a característica um pouco rotatória do tremor nas mãos. Outras regiões também podem tremer, como os pés, o queixo e até a cabeça. Agora, existem muitas outras causas de tremor na população, sendo o mais frequente o tremor essencial (uma doença genética, benigna, aonde o tremor é pior na ação e geralmente bilateral).
Para diagnóstico de Parkinson o médico especialista avaliará o tipo de tremor (quando houver) associado aos sintomas adicionais, como a lentificação e a rigidez nas articulações.
Os pacientes com Parkinson geralmente apresentam alterações características na marcha (jeito de andar). Os passos ficam mais curtos, o tronco mais curvado para frente, os brações tendem a balançar menos em relação ao corpo (redução do balanço passivo) e existem tendência a queda e instabilidade. Por vezes, os pacientes apresentam dificuldade de iniciar o ato motor, hesitando um pouco no começo de uma caminhada.
Muitas vezes, os pacientes descrevam alteração de sua caligrafia, com letras cada vez menores, evento clínico chamado de micrografia. Além disso, nota-se um rosto menos expressivo e fala mais baixa e monótona.
Além dos sintomas motores, portados da doença de Parkinson podem apresentar sintomas como: intestino mais preso, dificuldade em perceber cheiros (hiposmia), distúrbios de sono (agitação), depressão, problemas de atenção e memória, oscilação de pressão arterial, dores musculares, etc. A alteração de olfato é bastante comum, podendo aparecer muitos anos antes
DIAGNÓSTICO
A doença é diagnosticada pela avaliação clínica. A doença não aparece em exames de sangue e exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética. Os exames geralmente são feitos para afastar outras doenças que podem simular o Parkinson, tais como hidrocefalia, múltiplos AVC´s, sangramentos, etc. Muito importante também afastar o Parkinsonismo induzido por medicamentos, que geralmente é mais simétrico, com mais rigidez e parcialmente reversível com a suspensão do medicamento suspeito. As classes de medicamento que podem gerar parkisonismo são: anti-vertigem, remédios para náuseas e medicamentos para psicose e alucinações.
O diagnóstico infelizmente demora muito na nossa realidade médica atual. Os sintomas iniciais podem ser sutis e o paciente ou deixa passar ou busca profissionais de outras especialidades, tais como ortopedistas.
CAUSAS DA DOENÇA DE PARKINSON
A causa definitiva é ainda desconhecida. Acredita-se, atualmente, que existam fatores genéticos de predisposição associado a eventos ambientais ainda desconhecidos.
O mecanismo da doença é a degeneração de algumas áreas cerebrais, principalmente uma região chamada substância negra, no tronco cerebral. Os neurônios dessa região produzem dopamina, um neurotransmissor muito importante para o controle do sistema motor. Na doença, ocorre acúmulo de proteínas anormais levando à morte e disfunção desses neurônios.
Importante frisar que existem quadros muito semelhantes ao Parkinson que são causados por outros transtornos, chamamos esses casos de PARKINSON SECUNDÁRIO. Diante de um paciente com o quadro clínico de parkinsonismo é importante avaliar a possibilidade de Acidentes Vasculares cerebrais (Parkinson Vascular), de traumatismos múltiplos na região da cabeça (Parkinson pugilíssimo ou traumático crônico), efeito colaterais de medicamentos (como remédios para vertigem)
TRATAMENTO
Não existe cura para a doença. Trata-se de um transtorno crônico e lentamente progressivo. A evolução varia muito de caso a caso, existem alguns que evoluem em poucos anos e outros com evolução em décadas. Existem tratamento para a doença e ele é bastante efetivo, principalmente nas fases iniciais da doença.
Existem diversas opções de medicamentos, que podem ser dados isolados ou em associações. Os medicamentos aliviam bastante os sintomas, trazem um melhor controle clínico e devolvem ao paciente boa parte da sua qualidade de vida (apesar de não curar a doença). Com a evolução da patologia, que geralmente ocorre lentamente ao longo de diversos anos (sendo variável, caso a caso), o efeito dos medicamentos pode ser progressivamente menor. A maioria dos remédios é dada atualmente pelo SUS (sistema único de saúde). O paciente necessita de ajustes frequentes nas doses e horários, necessitando de um seguimento neurológico frequente e especializado.
Além de medicamentos para o quadro motor, são por vezes necessários medicamentos para os sintomas associados, tais como distúrbio de sono, depressão, etc.
Associado aos medicamentos é fundamental indicação de fisioterapia especializada (neurológica), fonoterapia (casos selecionados) e mesmo terapia ocupacional e psicólogos, sendo essa indicação também a depender de cada caso.
Existe atualmente a possibilidade cirúrgica para casos bem selecionados. Nessa cirurgia é feita colocação de um eletrodo em regiões pontuais do cérebro, que emite impulsos que podem auxiliar no controle de alguns sintomas do Parkinson (uma espécie de marcapasso cerebral). Essa modalidade de tratamento é complementar ao medicamento não propicia a cura, mas pode trazer benefícios em casos específicos (pois tem suas indicações e contraindicações).
CONCLUSÃO
A doença de Parkinson é um transtorno neurológico crônico e frequente. Ainda mais com o envelhecimento da população. Seus sintomas são característicos e envolvem lentificação, rigidez e tremor. Existem diversos sintomas associados e o diagnóstico é simples e não exige normalmente exames sofisticados (diagnóstico clínico – feito pela história e exame neurológico). Trata-se de um transtorno de evolução lenta e tratável, com medicamentos e reabilitação motora, com bons resultados a curto e médio prazos. Ainda é considerada uma doença incurável, mas com o avanço atual da terapia o paciente dispõe de cada vez mais ferramentas para manter-se ativo e produtivo.