Dor de cabeça é um dos sintomas mais frequentes em saúde. Praticamente toda a população, de ambos os sexos, terá, em algum momento da vida, crise de dor de cabeça. A causa é bastante variada, existem mais de 180 causas já descritas. O termo CEFALÉIA é SINÔNIMO de dor de cabeça e pode ser usado para qualquer dor que ocorra acima do pescoço. Dentre as causas figuram doenças benignas e transitórias (grande maioria dos casos) e outras patologias mais preocupantes.
Cabe ao médico, através da história clínica e o exame físico e neurológico separar as crises que exigem uma investigação daquelas menos preocupantes, de expressão crônica. Dividimos inicialmente as dores de cabeça em 2 grandes e importantes grupos:
1- PRIMÁRIAS: As dores de cabeça primárias são as mais frequentes. São dores que surgem de tempos em tempos, em crises, com características estereotipadas. O paciente descreve crises crônicas e episódicas ao longo de meses a anos. Nestes casos existem tendências genéticas e gatilhos ambientais de dor. A dor é a PRÓPRIA DOENÇA, não está sinalizando outro problema aguda. Figuram nesse grupo importantes doenças tais como:
2- SECUNDÁRIAS: São dores novas, que o paciente não conhece, tendem a ser mais agudas e acompanhadas por outros sintomas e alterações de exame físico. Surgem no contexto de outras doenças, como um sintoma delas, por isso são mais preocupantes. São exemplos clássicos de dores secundárias:
Algumas queixas e contextos preocupam mais o neurologista quanto a possibilidade de uma DOR de CABEÇA SECUNDÁRIA:
A cefaléia tensional é o tipo mais comum de dor de cabeça episódica. Acredita-se que até 80% das mulheres e 60% dos homens apresentem cefaléias tensionais. Trata-se daquelas dores ditas comuns, ou simples, pelos pacientes.
Geralmente ocorrem do meio para o final dos dias, são de intensidade leve a moderada, descritas em aperto, constantes (não pulsáteis) e geralmente bilaterais (frontais, laterais ou a cabeça toda). Geralmente não trazem náuseas e nem incomodo com a luz, são relacionadas a dias mais estressantes, mais cansativos, privação de sono, abusos ou privação alimentar. Geralmente melhoram sozinhas, com repouso ou analgésicos comuns ou com analgésicos. Quando ficam muito frequentes exigem tratamento preventivo e investigação.
A enxaqueca está entre as doenças mais frequentes e incapacitantes que se tem conhecimento. Estima-se que mais de 30 milhões de pessoas sofram com o transtorno só no Brasil. A OMS aponta a enxaqueca entre as 20 doenças mais incapacitantes que se tem conhecimento.
Ela é o segundo tipo mais frequente de dor de cabeça, atrás apenas da cefaléia tensional. No entanto, trata-se de dores mais fortes e incapacitantes, que tendem a levar mais os pacientes ao PRONTO SOCORRO e a consultas médicas, sendo tb uma causa importante de ausência no trabalho.
A incidência da enxaqueca é maior na MULHERES (3:1). Durante a idade fértil (dos 12 aos 50 anos) cerca de 25% das mulheres apresentam crises de enxaqueca. Fora da fase reprodutiva a incidência entre homens e mulheres é semelhante e gira em torno de 8%. Mesmo crianças e idosos podem apresentar enxaqueca.
A CRISE de ENXAQUECA é um tipo bem peculiar de dor: forte, agressivo, que piora com atividades cotidianas, marcado por sintomas associados, tais como náuseas, vômito, incômodo pela luz, barulho e cheiros fortes. A dor geralmente predomina em um dos lados da cabeça (hemicrania), com característica pulsátil (latejante). Uma crise típica dura entre 4 e 72 horas (podendo até durar mais em casos peculiares). Cerca de 20% dos pacientes apresentam ainda mais um fenômeno: a aura neurológica. A aura é um sintoma neurológico transitório, que geralmente ocorre antes de uma crise de enxaqueca (podendo ocorrer raramente durante ou depois ou mesmo ser isolado, sem dor). A aura mais comum é a visual, aonde o paciente vê pontos brilhantes ou escuros, atrapalhando a visão. Mas são auras bem descritas: formigamentos, fraqueza em um lado do corpo, bloqueio de fala, vertigem, etc. Uma aura típica dura entre 5 e 60 minutos, causando geralmente muito temor ao paciente e familiares (julgando estar tendo um AVC, por exemplo).
A pessoa herda geneticamente uma predisposição a dores de cabeça do tipo tensional ou enxaqueca. Mas, durante a vida, a exposição a GATILHOS ambientais, gatilhos internos.
A Cefaléia em Salvas é um tipo menos frequente de cefaléia primária, mas muito importante. Diferente da Enxaqueca e cefaléia tensional, ela ocorre mais em Homens (6:1). Trata-se de uma dor terrível, muito forte. Geralmente localizada de um lado e ao redor de um dos olhos. a duração é de 15 a 180 minutos. Junto com a dor, o paciente pode referir queda da pálpebra do mesmo lado, redução da pupila, olho vermelho, lacrimejamento de um lado só e coriza (secreção do nariz).
O paciente com SALVAS fica muito inquieto e agitado, até porque a dor á de intensidade muito alta. As dores podem ocorrer várias vezes ao dia, sendo predominantemente noturnas.
O tratamento da crise é feito com medicamentos específico ou com inalação de Oxigênio. Existem opções de medicamentos preventivos em fases de aumento da frequência de crises.
O diagnóstico da causa de uma dor de cabeça PRIMÁRIA é basicamente clínico, fruto da história clínica aliada a um exame neurológico normal. Exames de imagem cerebral são geralmente desnecessários, sendo recomendados apenas em casos em que o médico desconfie de outras patologias, a serem descartadas pois tais exames (tais como tumores, sangramentos, trombose, etc.). O mesmo vale para exames de sangue e outros que se façam pertinentes para afastar outros transtornos.
O tratamento varia muito caso a caso (personalizado). Para paciente com crises raras e eventuais é possível medicar somente a crise (analgésicos e anti-enxaquecosos de ação aguda) e evitar gatilhos evidentes. No entanto, para quem tem muitas crises ao mês (acima de 2 crises, o tratamento sem dúvida exigirá medidas preventivas, eventualmente com medicamentos profiláticos e mudanças de estilo de vida). Recomenda-se a todos uma boa alimentação, fracionada, atividade física com predomínio de atividades aeróbicas, ritmo regular de sono e controle ambiental (evitando excesso de calor, ambientes muito iluminados por longo tempo, etc). Existem medicamento específicos (dado pelo neurologista) na prevenção de crises, são remédios usados diariamente, em dose baixa, que visam reduzir a frequência, a intensidade e melhorar a resposta aos analgésicos usados durante as crises. Seu uso é crônico, geralmente por mais de 6 meses, existem diversas opções e o médico escolherá de acordo com o contexto clinico apresentado.
Durante o seguimento é fundamental preencher um diário de dor, um impresso que marque os horários, frequência, tipos, intensidade, gatilhos, ciclo menstrual, isso trará uma avaliação mais direcionada e objetiva em casos de maior complexidade.
O verão é uma época muito esperada pela maioria das pessoas. Sol, viagens, férias, festas, diversão, descanso, são ingredientes típicos dessa fase do ano. Agora, para os portadores de enxaqueca esse pode ser um período perigoso. O risco de crises aumenta e pode colocar abaixo qualquer plano de aproveitar essa estação.
A enxaqueca é um dos tipos mais comuns de dor de cabeça. Acredita-se que cerca de 25 % das mulheres e até 10 % dos homens apresentem essa patologia. A crise de enxaqueca típica traz os seguintes sintomas: dor de cabeça forte, muitas vezes lateralizada, pulsátil (latejante), associado à náuseas e intolerância ambiental (luz, cheiro e ruídos).
A crise de enxaqueca é extremamente desagradável e incapacitante. Pode durar de 4 a 72 horas e ocorrer diversas vezes ao mês, em casos mais graves. A causa básica é genética, mas existem desencadeantes hormonais e ambientais, tais como: estresse, ritmo de sono, temperatura, hábito alimentar, hormonais, entre outros.
No verão temos vários fatores de elevam a frequência e intensidade das crises: estima-se que a cada 5º C de elevação na temperatura o risco de crise aumenta 7%. A causa disso é a desidratação, a vasodilatação e possivelmente a luminosidade, além disso, alteramos nosso ciclo de sono, mudamos hábitos alimentares e mesmo o grau de atividade física, isso tudo pode piorar a enxaqueca.
A pessoa traz uma predisposição pessoal (genética), o verão traz o calor, a luminosidade, a alimentação desregrada, o consumo excessivo de álcool, as alterações de sono, etc. A mistura pode ser catastrófica.
Bom, a melhor forma de encarar o problema é com prevenção, seguem dicas objetivas para quem quer se proteger nesse verão: