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setembro 25, 2018A ansiedade patológica é um dos transtornos mais comuns nos tempos de hoje (por isso muitos a consideram o mal do século), estima-se que cerca de 15% da população adulta sofra ou irá sofrer com ela, em determinada fase da vida. Sua expressão é bem variável, mas é sempre marcada por preocupação excessiva, medo desproporcional e tensão antecipatória, associados a uma gama extensa de sintomas físicos (mediados pela descarga excessiva de adrenalina). São transtorno de ocorrência mais frequente em mulheres, geralmente jovens, mas que podem acometer qualquer pessoa em qualquer idade. Quando falamos de transtornos ou tipos patológicos de ansiedade estamos falando de um conjunto de doenças, de expressões clínicas que podem variar muito de pessoa para pessoa.
Ansiedade NORMAL (Saúde) VS PATOLÓGICA (Doença)
Todo mundo, hora ou outra, sente-se ansioso diante de uma situação urgente, intensa, importante, apresentando sintomas típicos da ação da adrenalina no corpo, como taquicardia, tremores, sudorese, pupila dilatada, etc. Essa resposta é motivada, direcionada e proporcional ao evento que a provocou, dura certo tempo e depois desaparece. Nesse caso, não temos um transtorno, e sim uma resposta absolutamente fisiológica e normal diante da apreensão. A ansiedade normal nos protege, é sinal de saúde física e emocional, nos leva ao hiperfoco e à tomada rápida de decisão.
Na ansiedade patológica (doença), os sintomas desagradáveis são absolutamente desproporcionais e não direcionados, incomodam o paciente em situações cotidianas e causam franco comprometimento do rendimento profissional, escolar e social. Cada um manifesta a ansiedade de um jeito, uns apresentam sintomas contínuos ou quase contínuos, outros, crises agudas entremeadas de períodos normais. Por isso dizemos que se trata de uma a doença heterogênea, de várias faces, dificultando o reconhecimento de algumas formas peculiares. Mulheres apresentam mais transtornos de ansiedade que homens (exceto TOC). Crianças também podem apresentar ansiedade patológica, acredita-se que até 9% das crianças apresente níveis elevados e preocupantes de ansiedade.
RECONHECENDO OS SINTOMAS DA ANSIEDADE
A ansiedade se manifesta por sintomas psíquicos, físicos ou cognitivos, sendo que determinado paciente pode apresentar um conjunto peculiar desses sintomas. Psiquicamente, uma pessoa ansiosa manifesta apreensão, sofrimento antecipatório, medo, insegurança, amplificação de estresse, irritabilidade, fobias, etc. A ansiedade gera um fenômeno de amplificação do estresse, como um alarme que dispara em uma hora errada.
Além dos sintomas psíquicos, podem surgir sintomas físicos, geralmente mediados pela substância adrenalina no sangue (hormônio do estresse), são eles: taquicardia, falta de ar, tontura (vertigem), alterações intestinas, alterações sexuais, insônia, tensão muscular, dores de cabeça, aperto no peito, sudorese, tremor, queda de cabelo, etc.
Além dos sintomas físicos e psíquicos, a ansiedade pode trazer sintomas da linha intelectual, como desatenção, esquecimentos, falta de criatividade, etc.
Os sintomas PSIQUICOS E FÍSICOS podem ocorrem em crises ou de forma contínua, em intensidades variáveis e associações diversas. De acordo com o contexto geral em que aparecem esses sintomas, o médico identificará a FORMA (ou Síndrome) de ansiedade. As mais frequentes formas são: o TAG (transtorno de ansiedade Generalizada), a síndrome do Pânico, as fobias específicas, a síndrome do estresse pós-traumático, entre outras.
Para o diagnóstico de ansiedade é fundamental afastar doenças que expliquem melhor os sintomas (pelo exame físico e complementares), tais como anemia, hipertireoidismo, abuso de Substâncias estimulantes, entre outros problemas clínicos.
Interessante notar que a ansiedade causa repercussões no comportamento da pessoa. Quem sente ansiedade por muitas vezes desenvolve insegurança, passa a ter fobias e a se esquivar de situações de risco, podendo evoluir para o isolamento e a depressão. Outra evolução possível é com comportamentos compulsivos, algumas vezes o portador de ansiedade desenvolve compulsões perigosas tais como álcool, jogo, cigarro, comida, sexo, drogas, etc.
A ansiedade não tratada adequadamente abre as portas para complicações clínicas como obesidade, hipertensão arterial, problemas de colesterol e diabetes, distúrbios de imunidade, entre outras complicações.
AS DIVERSAS FACES (FORMAS) DA ANSIEDADE
O médico fará o diagnóstico do TRANSTORNO de ansiedade baseado na história clínica. O conjunto de sintomas, associado ao contexto clínico dirá o nome e o “sobrenome” da patologia. Existem várias formas clínicas, que chamamos de síndromes ansiosas. a depender de como começou, da situação que provoca ansiedade, da intensidade dos sintomas e do tipo de resposta à ansiedade podemos configurar alguns cenários clínicos bastante frequentes.
Os tipos mais comuns de ansiedade patológica são:
TAG:
Essa sigla significa Transtorno de Ansiedade Generalizada, esse tipo muito comum (cerca de 4% da população). A pessoa sente-se ansiosa de forma quase contínua, na maioria dos dias, como se estivesse sempre com nível aumentado de tensão. Nesse tipo de ansiedade os sintomas psíquicos e físicos se associam e se manifestam durante o dia-a-dia, causando perda de qualidade de vida e risco franco de crises mais fortes superposta (pânico). O TAG aumenta o risco de depressão e de problemas social, conjugais e no trabalho, além de ser fator de risco para descompensação de doenças clinicas.
Os sintomas do TAG precisam estar presentes de forma crônica para o diagnóstico, por geralmente mais de 6 meses. São pessoas tensas, com dificuldade para relaxar, que podem apresentar irritabilidade, preocupação excessiva e dificuldade para dormir e dores. É um quadro de moderada intensidade e arrastado, que pode trazer muito prejuízo na qualidade de vida e nas pessoas que convivem com o paciente.
Síndrome do Pânico:
Definida por crises agudas e intensas, com taquicardia, falta de ar, formigamentos e sensação de morte iminente. A pessoa é tomada, de forma abruta, por medo, angustia e pode ter a franca impressão que está tendo um infarto, arritmia ou um quadro neurológico. A crise pode surgir sem qualquer gatilho ou ser iniciada em um momento mais angustiantes ou quando o paciente é confrontado com alguma de suas fobias. A duração é de minutos e o desconforto é avassalador. Quase sempre o paciente é conduzido ao Pronto Socorro na primeira crise, com suspeita de algum problema clínico urgente. Após a crise o paciente pode desenvolver franca insegurança e preocupação constante, com medo de passar mal e perder o controle. Chamamos esse sintoma (medo de ter medo) de agorafobia, e ele pode levar à esquiva e comportamentos evitativo, tão ao até mais incapacitantes que a própria ansiedade em si. Se o TAG é um mar revolto, a crise de pânico seria um TSUNAMI agudo de ansiedade. Importante notar que as 2 formas (TAG e PÂNICO) podem estar associadas no mesmo paciente.
TOC / Compulsões:
A base do comportamento compulsivo é a ansiedade. Os sintomas ansiosos são aliviados com comportamentos compulsivos, após o alívio transitório a ansiedade retorna e gera um novo ciclo do comportamento, fechando o looping que define o transtorno. Pessoas ansiosas escolhem comportamentos que aliviam essa ansiedade sem perceber, até o ponto que não mais escolhem mais nada, precisam manter o comportamento para não se sentirem mal. Assim, pessoas apresentam compulsões por compra, por comida, por álcool e drogas, por jogo, por sexo, por mentiras, etc. Existe uma predisposição genética para esse tipo de ansiedade e os comportamentos compulsivos podem ser variados e mudar durante a vida da pessoa. Uma compulsão pode trazer francos prejuízos à saúde da pessoa (como os vícios e a obesidade), além de profundos problemas sociais, profissionais e ser uma ponte para quadros depressivos.
Síndrome do estresse pós-traumático:
Essa forma é precipitada pela vivência de algo muito estressante, que passa a gerar sintomas crônicos de revivência, sintomas físicos e psíquicos típicos de ansiedade, pesadelos recorrentes, etc. Geralmente ocorre após episódios intensos com ameaça à vida (como violência urbana, acidentes de carro, guerra, terrorismo e acidentes naturais). Os sintomas precisam estar presentes mais que 30 dias após o evento desencadeador.
Fobias e agorafobia:
Fobias são situações peculiares capazes de precipitar sintomas ansiosos, de percepção de risco e medo em pessoas susceptíveis. Entre as fobias mais comuns estão: fobia social, claustrofobia (receio de locais fechados), medo de altura, etc. A agorafobia é o medo de passar mal, de perder o controle, ela ocorre com frequência em paciente que passaram por crises fortes de ansiedade e se torna um sintoma frequentemente limitante, por precipita esquiva de situações de risco por parte dos portadores.
CAUSAS DA ANSIEDADE
As causas da ansiedade são variadas e envolvem aspectos genéticos, hormonais, contexto de vida (ocorrências), hábitos, etc. Cada caso terá seus determinantes específicos, seus fatores de risco, seus gatilhos ambientais e seus perpetuadores. Sabe-se que o risco de filhos de pessoas ansiosas é maior, demonstrando uma tendência genética.
TRATAMENTO DA ANSIEDADE
O tratamento dos transtornos de ansiedade é complexo, personalizado e multifatorial. É preciso identificar o tipo (síndrome) de ansiedade e traçar um planejamento a curto, médio e longo prazo. A ajuda de profissionais como médico, psicólogo e educador físico pode ser
Podemos dividir o tratamento em 3 aspectos fundamentais: psicoterapia, medicamento e mudanças do estilo de vida.
Mudanças do estilo de vida: sem dúvida alguma esse é o principal ponto de tratamento para todos os quadros de ansiedade. Para casos mais leves, só esse tipo de mudança já pode ser suficiente. Recomenda-se atividade física (aeróbica), gerenciamento de tempo, sono adequado, evitar estimulantes, foco no presente, medidas antiestresse, etc.
Terapia: pode beneficiar alguns casos, as modalidades principais são a psicoterapia clássica e a terapia cognitivo-comportamental (TCC), bastante útil e estudada no TOC, nas fobias específicas e nos transtornos ansiosos de modo geral.
Medicamentos: em casos selecionados o tratamento medicamento pode ser muito importante, principalmente quando combinado com os 2 itens acima. Com relação a medicamentos existem basicamente duas classes de remédios:
- Remédio na hora da crise: calmantes que podem ser usados no momento da crise de ansiedade ou em fases de maior intensidade e frequência de sintomas, são frequentemente usados no início do tratamento, quando o paciente está ainda muito sintomático.
- Medicamentos que previnem as crises de ansiedade: esses são melhores opções para o tratamento de médio e longo prazos. São medicamentos que alteram o metabolismo da serotonina e eventualmente da dopamina e da adrenalina, mudando o limiar de ocorrência de crises e reestabelecendo, em algum grau, o gerenciamento cerebral do estresse, reduzindo a ansiedade geral. Esse tipo de tratamento demora semanas para fazer efeito e deve ser mantido geralmente por meses, mesmo que o paciente já esteja se sentindo bem.