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agosto 30, 2018Hoje é o dia de conscientização em HIPERTENSÃO ARTERIAL (26/04) – trata-se de um inimigo silencioso da saúde como um todo, um importante fator de risco para doenças crônicas e agudas, elevando a mortalidade e incapacidades, prejudicando a qualidade de milhões e milhões de pessoas. Acredita-se que existam no mundo mais de 1 BILHÃO de pessoas hipertensas. No Brasil, são mais de 30 milhões, homens e mulheres (em uma taxa aproximadamente semelhante, alguns estudos apontam um ligeiro predomínio feminino). Cerca de 1/3 (30%) da população adulta tem pressão alta. Se olharmos para as pessoas acima de 60 anos, temos 50% de incidência, acima dos 70 anos, mais de 75%. Isso demonstra que se trata de um problema de saúde pública. acredita-se que cerca de 5% das crianças tenham hipertensão.
A hipertensão arterial descompensada por longo tempo pode levar a problemas em diversos órgãos, sendo os principais: o coração, os rins, o cérebro, a retina (olho), e a saúde geral dos vasos. Muita gente só recebe o diagnóstico quando apresenta uma complicação médica. Acredita-se que cerca de 50% de hipertensão não tem o diagnóstico feito, sendo que dos pacientes com diagnóstico feito cerca de 45% não apresentam controle adequado.
Por isso esse tema é de vital importância! Precisamos fazer prevenção, detecção precoce e tratamento incisivo a fim de evitar as temidas complicações, muitas deles irreversíveis e até potencialmente fatais.
Cerca de 1/2 dos INFARTOS cardíacos e 80% dos Derrames cerebrais ocorrem em pacientes hipertensos. Cerca de 300 mil mortes ocorrem em contexto de hipertensão no BRASIL por ano. Por isso é considerado um fator de RISCO modificável.
FATORES DE RISCO PARA HIPERTENSÃO
Qualquer pessoa pode desenvolver hipertensão, em qualquer idade, mas o transtorno é mais frequente em pessoas acima dos 40 anos. Na verdade, quanto mais velho, maior o risco, devido ao endurecimento arterial causado pelo próprio envelhecimento. A maioria dos casos é de hipertensão primária, sem nenhuma causa oculta, mas existem casos em que a hipertensão decorre de outras doenças ocultas específicas, chamamos esses casos de hipertensão secundária. (Em casos atípicos essas doenças precisam ser investigadas: estenose de artéria renal – problemas endocrinológicos – tumores – Entre outras).
A pressão arterial tende a ocorrer com maior frequência entre negros, pessoas com histórico familiar, pessoas sedentárias, consumidores de dieta rica em sal e pessoas com obesidade abdominal, pessoas estressadas cronicamente, portadores de distúrbios de sono, entre outros.
Trata-se geralmente de uma doença crônica, sendo definida pela presença de índices acima de 140X09 mmHg de forma contínua ou quase contínua. O diagnostico baseia-se em medidas seriadas bem-feitas e confiáveis.
QUADRO CLÍNICO
A hipertensão arterial geralmente é uma ocorrência silenciosa. Ela se impõe de forma sorrateira e progressiva e raramente traz sintomas clínicos aos seus portadores.
Geralmente o paciente descobre a hipertensão em uma avaliação de rotina ou quando surgem complicações decorrentes de hipertensão crônica, como problemas nos rins, retina, cérebro e coração.
A história que hipertensão causaria dores de cabeça é bastante inconsistente, não sendo observada essa associação nos principais estudos bem conduzidos. Outro mito é que a hipertensão seria a causa principais de sangramentos nasais e no branco do olho, sendo também essas ocorrências geralmente provocadas por transtornos locais não associados a hipertensão.
Essa associação ocorre provavelmente pois 2 motivos:
- Pessoas que são hipertensas tendem a medir a pressão quando se sentem mal, aí acham que existe essa associação.
- Pessoas que estão passando mal tendem a ter a pressão mais alta, pois ficam ansiosas, estressadas, além da própria dor também elevar a pressão.
Por isso que a pressão precisa ser avaliada de forma rotineira, durante consultas médicas e programas de checkup. Não devemos esperar sintomas ou indícios de que algo está errado.
A pressão arterial só manifestará sintomas durante uma complicação ou se sua elevação foi muito rápida e intensa.
COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
As artérias levam sangue oxigenado (vindo do coração) para todos os órgãos do corpo. Alguns desses órgãos são bastante sensíveis à elevação aguda ou crônica da pressão. As complicações são geralmente fruto de obstrução do fluxo de sangue ou mesmo ruptura de vasos mais sensíveis.
Os principais órgãos alvo da hipertensão são:
- Os rins: que podem perdem função ao longo de anos de pressão arterial não controlada. Sendo essa perda muitas vezes irreversíveis.
- O coração: que tendo que bombear contra uma pressão elevada acaba alterando sua musculatura e se sobrecarregando. Além disso, existe o risco aumentado de INFARTO do miocárdio entre os pacientes hipertensos. Acredita-se que cerca de 50% dos infartos ocorram em pessoas hipertensas, sendo o rico dobrado (2 x maior) que entre não hipertensos.
- Os olhos: a pressão aumentada cronicamente pode alterar o funcionamento da retina, piorando a visão dos portadores.
- O cérebro: vide abaixo:
O cérebro e a Hipertensão
Eis aqui uma das principais vítimas da hipertensão descontrolada. O cérebro é um órgão particularmente sensível à hipertensão. Isso pois é ricamente perfundido por artérias e apresenta um complexo e refinado sistema de regulação de pressão no seu interior.
RISCO DE AVC – HIPERTENSÃO
Hipertensos tem um risco 4X maior de ter um Acidente Vascular Cerebral. Acredita-se que cerca de 80% dos AVC ocorra em hipertensos. Existem basicamente 2 tipos de derrames (AVC’s): isquêmico ou hemorrágico, a hipertensão aumenta o risco dos dois.
ISQUÊMICO: no AVC isquêmico ocorre o entupimento de uma artéria. A hipertensão é um fator de risco importantíssimo (junto com o colesterol alto, a diabetes, o tabagismo e o sedentarismo) para a aterosclerose, que nada mais é que o acúmulo de gordura na parede dos vasos. Pessoas com hipertensão podem ter AVC isquêmico em qualquer região do cérebro, de qualquer tamanho, levando ao risco de vida, de sequelas ou de perda progressiva de função intelectual. Cerca de 80% dos AVC´s são isquêmicos.
HEMORRÁGICO: a pressão elevada pode facilitar a oclusão de uma artéria dentro do cérebro, com isso o sangue extravasa e pode provocar sequelas também bastante graves. A hipertensão pode causar zonas de fraquezas e dilatações (micro-aneurismas) em pequenas artérias perfurantes. Cerca de 20% são hemorrágicos.
RISCO DE DEMÊNCIA
Sabe-se que o descontrole crônico da pressão arterial é um importante fator de risco para perda progressiva de função intelectual na terceira idade. Isso ocorre por acumulo de pequenas lesões vasculares (micro-AVC) – chamamos essa forma de demência vascular, sendo a segunda forma mais comum de demência na população geral.
Outro mecanismo importante a a precipitação de agressões cerebrais que podem iniciar e amplificar a ocorrência de demência degenerativa, tipo Alzheimer, essa sim a principal causa de demência nos dias de hoje.
O adequado controle da pressão arterial minimiza de forma importante o risco de isquemias, sangramento e de demência. Por isso, o tratamento da pressão alta é hoje um dos pilares da medicina preventiva em neurologia.
ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA
Existe uma outra entidade clínica muito importante aonde o paciente apresenta sintomas neurológicos agudos durante uma crise de pressão alta aguda. Isso ocorre quando a pressão sobe de forma intensa e rápida e o cérebro não consegue se adaptar a esse aumento (geralmente a causa são formas mais raras e agressivas de hipertensão).
Durante uma crise hipertensiva grave o paciente pode apresentar dor de cabeça associado a alterações visuais, náuseas e confusão mental. Trata-se, neste caso, de uma emergência médica. O médico geralmente identifica um a crise de pressão muito alta associado a alterações no exame de fundo de olho e mudanças na imagem do cérebro (ressonância). O quadro pode ser reversível com uma condução clínica adequada.
PRESSÃO ALTA NA GRAVIDEZ
Existem diversas formas de hipertensão na gravidez, mas vamos dividir em 2 grupos básicos:
- Gestantes que já eram hipertensas antes da gravidez: neste caso, a pressão pode persistir alta na gestação e deve ser controlada tal qual fora da gravidez.
- Gestantes que desenvolvem hipertensão da própria gravidez: nesses casos ocorre um transtorno chamado DHEG (doença hipertensiva específica da gravidez), sendo algo geralmente expresso após a 20ª semana de gestação. Nesses casos pode haver edema, alterações renais e, em casos mais graves, risco de eventos neurológicos como convulsões e alterações da consciência (eventos que definem a famosa eclâmpsia).
Por isso que atualmente, em todo o pré-natal, as pacientes devem ser examinadas segundo protocolos e submeter-se a exames e tratamentos direcionados para o controle pressórico na gravidez.
CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
Quando falamos em pressão alta são fundamentais: vigilância, prevenção e tratamento direcionado.
Para todos é fundamental a redução da ingesta de sal (o saudável gira em torno de 2 g / dia), redução do consumo de bebidas alcoólicas (que promovem aumento da pressão), atividade física regular (predominantemente aeróbica), controle de peso (IMC entre 20-25), controle da gordura abdominal (cintura abdominal), ajuste do sono (tratamento de insônia e apnéia do sono), gerenciamento do estresse no dia-a-dia, cuidado com estimulantes (como a cafeína), controle de outros fatores de risco (tabagismo / diabetes / colesterol).
Ouso de medicamento também é recomendado em casos de manutenção de pressão elevada a despeito da mudança do estilo de vida. Nesses casos o tratamento deve ser combinado: medicamento + alteração da rotina de vida.
O alvo é o controle da pressão mantendo níveis abaixo de 140X90 mmHg e idealmente abaixo de 130X80 mmHg.