Entrevista sobre Doença de Parkinson

1- Quais são as principais causas do Mal de Parkinson?

R.  O “Mal de Parkinson” ou “Doença de Parkinson”  é uma doença degenerativa causada pela morte de neurônio de uma região específica do cérebro conhecida como substância  negra. Ocorre geralmente em pessoas acima de 60 anos e evolui lentamente. A causa exata dessa morte seletiva de neurônios ainda é fruto de discussão. Certamente existem fatores geneticamente determinados (predisposição individual) aliado à fatores ambientais (esses ainda pouco conhecidos).

Outras doença podem mimetizar os sintomas da doença de Parkinson, chamamos neste caso de parkinsonismo secundário (decorrente de outra doença conhecida). Exemplos de doenças que podem simular o Mal de Parkinson : somatória de pequenos derrames (Parkinson Vascular), trauma craniano repetido (Parkinson pugilístico), efeito colateral de medicamentos, etc… . 

2- Quais são os sintomas dessa doença?

R.  A doença de Parkinson é uma doença predominantemente motora. Os principais sintomas são tremor, rigidez muscular e lentificação de movimentos. Eles começam  geralmente  de um lado do corpo, evoluindo para o outro lado em meses a anos. O tremor visto principalmente no repouso (melhora com o uso do membro afetado). A rigidez  é percebida como uma dificuldade em mover as articulações, mesmo com o paciente relaxado. O paciente mostra-se lentificado, como se funcionasse em baixa rotação.

Além desses sintomas clássicos o paciente com Parkinson tem um rosto com pouca expressão facial, anda com passos curtos e com o tronco curvado para frente e escreve com letra pequena (micrografia). Pode ainda apresentar queixas de memória, sono agitado, intestino preso, etc…

3- Como é o diagnóstico de quem tem essa doença?

R. Não existe um exame específico para diagnosticar a doença de Parkinson. O diagnóstico não é definido com coleta de sangue e nem mesmo com tomografia ou ressonância de crânio. O diagnostico é firmado após entrevista com um médico neurologista e mediante minucioso exame neurológico. Os exames auxiliares visam mais afastar outras causas do que confirmar a suspeita.

4- Existe algo que uma pessoa pode fazer para evitar essa doença?

R, Até o momento, não. Não existem medicações ou mudanças de hábitos capazes de evitar o aparecimento dessa doença. No entanto o reconhecimento precoce dos sintomas e a introdução do tratamento  pode atrasar e muito o desenvolvimento de incapacidades.

5 – Verdade ou mito: problema emocional é a principal causa do Mal de Parkinson?

Mito. Não existe nenhuma evidência científica que problemas emocionais levem ao desenvolvimento do Mal de Parkinson. O que ocorre é que é muito comum a associação de Parkinsonismo com problemas emocionais (por exemplo depressão e ansiedade). Por vezes os problemas emocionais antecedem em muitos anos os sintomas motores do Parkinson. Mas isso não quer dizer que o problema emocional leva ao Parkinson e sim que participa do espectro de sintomas não motores.

6- A pessoa que tem essa doença pode ter uma vida normal?

Pessoas com Mal de Parkinson podem sim ter uma vida normal ou praticamente normal. Para isso é necessário, além do diagnóstico correto e precoce,  o ajuste de medicamentos aliado a trabalho fisioterápico especializado. A grande maioria dos pacientes responde muito bem ao tratamento nos primeiros anos após o diagnóstico. Com o tempo a resposta pode decair e ajustes mais frequentes das medicações são necessários.

7- Existe uma cirurgia que amenize o problema?

O tratamento da doença de Parkinson é na grande maioria das vezes feito com medicamentos e trabalho fisioterápico. Cirurgia é possível em casos muito graves, que não respondem bem aos remédios ou que tem efeitos colaterais graves. Nestes casos selecionados é possível realizar cirurgia com resultados satisfatórios.

8- O uso de alguns tipos de medicamentos pode ocasionar o aparecimento do Mal de Parkinson? Quais remédios ou substâncias contidas?

Existem medicamentos que produzem sintomas parecidos com a doença de Parkinson (rigidez, lentificação, alteração de marcha, etc…). Chamamos de parkinsonismo secundário a medicação (e não de doença de Parkinson – já que a causa neste caso é evidente). Dentre os principais medicamentos que podem induzir parkinsonismo estão os antipsicóticos (remédio de uso psiquiátrico), anti-vertigem e remédios para náuseas e vômitos  (por isso que toda medicação deve ser prescrita e seguida por um médico).