Confira os 7 maiores inimigos do seu cérebro!
fevereiro 24, 2013Entenda a doença Machado-Joseph, de Guilherme Karan
março 4, 20131-MEMÓRIA DE ELEFANTE. Isso existe?
R. Existe sim. Algumas pessoas apresentam uma facilidade muito grande em reter informações e vivências na mente. A memorização não é uma função, é um processo. Para ter uma memoria prodigiosa é necessário ter atenção, boa percepção de detalhes, organização para guardá-los de forma estruturada e deixar um rastro adequado para puxar a informação na hora necessária. Como podemos perceber, o processo é sequencial e muito sujeito a erros. Cada pessoa tem um potencial de memória, que será desenvolvido ao máximo ou não a depender do ambiente, do comportamento, dos hábitos de vida, etc. Por isso dizemos que a capacidade de memória é uma junção de aspectos genéticos e ambientais. Agora, lembrar de tudo não é sempre uma vantagem… gênios conhecidos pela hipermnésia (capacidade extraordinária de retenção de informações) sofrem muito com sua habilidade. Isso pois memorizam um monte de coisa inútil e desnecessária (gerando um certo caos mental) e têm uma capacidade reduzida em esquecer eventos ruins. E esquecer é um processo tão ou mais importante do que lembrar. Nosso cérebro coloca ordem na casa esquecendo coisas irrelevante e eventos dolorosos emocionalmente, com isso superamos nossas frustrações, nossas perdas, nossas transições, etc. Por isso o ideal é ter uma memória boa, rápida e confiável, mas não absolutamente perfeita e nem incapaz de esquecer.
2-Por que algumas pessoas lembram de detalhes de suas vidas e até da vida dos outros, enquanto a maioria tende a lembrar apenas cenas e episódios mais marcantes?
R. O processo de memorização depende de fatores conscientes e inconscientes. Nosso cérebro, de modo geral, gosta de estímulos intensos, que destoam do ambiente, de conteúdo emocional (preferencialmente bom), relacionados a sua área de interesse e repetitivos. As pessoas têm personalidades diferentes, experiências de vida diferentes e áreas de interesse diferentes. É de se esperar, portanto uma variação espectral na capacidade de memorização. Temos que valorizar também a capacidade inata de atentar a detalhes, manter a atenção sustentada e memorizar, isso é, em grande parte, genético. A maioria das pessoas está na média, uma pequena parte acima da média (hipermnésicos) e uma pequena parte abaixo da média (amnésicos). O grande problema nos dias de hoje é que somos sempre cobrados (pelos outros e por nós mesmos) a ter uma memória sempre prodigiosa. Isso gera uma multidão de pessoas que estão na média e acreditam estar abaixa dela. Gerando frustação e busca por soluções milagrosas.
3) Há quem diga que se lembra da própria vida a partir dos dois anos de idade. É possível guardar uma lembrança tão remota?
R. Possível é, mas não é comum. As experiências de vida antes dos 4 anos de idade geralmente deixam rastros de lembranças. Isso ocorre pela falta de maturidade do sistema nervoso em organizar e dar a linguagem do enredo. Então tudo que vivemos antes disso é esquecido ? Não. O que ocorre é que a vivencia gera uma lembrança inconsciente. Sabemos quem são nossos pais, sabemos usar o banheiro, sabemos comer com talheres, sabemos o que a gente gosta ou não gosta de comer, enfim… durante a infância vivenciamos e aprendemos, mais isso não gera uma lembrança estruturada, que pode ser buscada a qualquer hora. É uma memorização sem lembrança. Por isso vale a pena sim fazer festa de 1 ano ! Viajar com seu filho pequeno ! Nutrí-lo com estímulos e todo o carinho do mundo, pois isso participará da sua formação como pessoa. Mesmo que ele não se lembre exatamente desses vivências. A média da primeira recordação é em torno dos 3 a 4 anos. Alguns podem lembrar de algo anterior. Temos que tomar cuidado pois, às vezes, a pessoa acha que lembra, mas ouviu, viu fotos, sonhou, sei lá, são pseudo-memórias. Mas possível, teoricamente, é.
4) Algumas pessoas descrevem roupas e acessórios que usavam em determinadas circunstâncias e se lembram de coisas que outras pessoas, presentes no mesmo local, não conseguem lembrar nem superficialmente. Esses indivíduos têm uma facilidade imensa para guardar nomes, fatos e coisas que apenas escutaram, muito tempo atrás, de outras pessoas. Essa capacidade é genética ou decorre da alimentação desde os primeiros anos de vida?
R. A memoria, como a inteligência como um todo, é fruto de genética, nutrição, ambiente, interesse, etc. Tem gente que é muito hábil em fixar algo na menta. Alguns usar estratégias de memorização muito eficazes, como realizar links mentais, as famosas regras “mneumônicas”. Isso consiste em atrelar o item a ser memorizado com algo que já está fixo e consolidado. Muitos alunos, vestibulandos e prestadores de concursos públicos fazem isso durante a preparação. Mas há que faça isso com nomes, rostos, eventos, etc. Outra coisa importante é a recordação, cada vez que recordamos algo, mas forte este fica na memória. Uma história contada muitas vezes vai se fortalecendo a cada vez que a recordamos.
5) Existe vitamina e exercício capazes de potencializar a memória?
R. Não para a primeira e sim para a segunda. Não temos vitaminas específica para a memória ( pelo menos não para quem não tem uma deficiência específica delas, o que é raro). Agora, existem dicas que podem melhorar seu rendimento. Ninguém consegue mudar o código genético de uma pessoa, mas podemos mudar alguns hábitos que tornem a memorização mais eficiente:
1- AMBIENTE ADEQUADO = Muito importante trabalhar e estudar em ambientes apropriados. Silenciosos, iluminados e organizados. Assim o estímulo que interessa se destaca e a memorização é facilidade.
2- FAZER UMA COISA DE CADA VEZ = Esse é o principal erro. Fazemos várias coisas ao mesmo tempo. Pensamos em diversos problemas e deixamos passar os dados que seriam relevantes. Identifique as prioridades do momento, entre para resolver aquele problema, se desligue do resto. Seguindo essa recomendação você logo perceberá que os episódios de esquecimentos serão cada vez mais raros.
3- ESTAR DESCANSADO = o bom funcionamento cerebral depende de descanso. Dormir ao menos 8 horas ininterruptas de sono por noite , com qualidade. Tirar férias de tempos em tempos, praticar atividades de lazer. Sem isso o cansaço cerebral te levará aos lapsos de memória.
4- ALIMENTAÇÃO = a alimentação influencia na capacidade de memorização. Prefira alimentos de fácil digestão, fracionados durante o dia e em quantidade moderada. Refeição pesada e quantidade exagerada desloca o fluxo sanguíneo para os intestinos e o cérebro fica mais lento e preguiçoso. Para ajudar ainda mais, beba bastante água.
5- EVITAR MEDICAMENTOS PARA DORMIR = muitos remédios para dormir são usados indiscriminadamente. Alguns deles podem afetar um pouco a capacidade de memorização. Use-os com bom senso e sempre com orientação médica.
6- TRATAR DEPRESSÃO E ANSIEDADE = muito importante. A depressão lentifica os processos cerebrais, o esquecimento pode ser um sintoma da depressão. Mesma coisa com a ansiedade. A pessoa muito ansiosa está sempre com uma pressão antecipatória, sofre antes da hora, preocupa-se antes da hora e se esquece de viver o momento. A ansiedade leva diretamente a problemas de atenção e concentração.
7- EXERCITAR O CÉREBRO = saia da zona de conforto. Coloque seu cérebro para realizar coisas novas. Faça coisas rotineiras de um jeito diferente, mude os caminhos, a mão que você come e escova os dentes, troque o mouse de lado. Aprenda outra língua , um instrumento, um novo esporte… enfim, seja criativo e exercite seu cérebro como se você um músculo. Um cérebro treinado é muito mais confiável.
8- EVITAR ÁLCOOL E O CIGARRO= o álcool é um inimigo da memória. Você passa do ponto e já não fixa nada. A longo prazo o álcool pode levar à atrofia cerebral (redução do tamanho do cérebro) e a quadros graves de esquecimentos. O tabagismo é também um vilão, favorece isquemias cerebrais, mesmo que pequenas e imperceptíveis que com o passar dos anos pode acarretar problemas cognitivos.
9- INVENTAR REGRAS MNEMÔNICAS = é uma técnica milenar usada por muitos estudantes para decorar informações escolares de maior complexidade, como a tabela periódica, formulas de física, datas históricas, etc… . Associamos uma informação difícil de ser memorizada a algo de maior facilidade, que tenha mais a ver com a gente, seja mais familiar. Uma boa regra mneumônica pode carregar uma informação por uma vida inteira. Essas regrinhas podem ser usadas com todo o tipo de informação, durante o dia-a-dia, facilitando o processo de evocação.
10- SE EXPOR E REVIVER BOAS LEMBRANÇAS = memórias ligadas a emoção são mais facilmente fixadas. As emoções positivas tem prioridade sobre emoções negativas. Um fenômeno conhecido como memória seletiva. Viaje, encontre os amigos, reúna a família, viva com intensidade e otimismo, suas memórias serão mais vivas e resistentes. Recorde sempre das boas coisas que viveu, reveja álbuns de fotografia, vídeos antigos e remonte os momentos na cabeça. Quanto mais vezes algo é lembrado, mais firme fica a lembrança. Com o tempo seu cérebro se empenhará cada vez mais em reter as experiências de vida.