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setembro 4, 2015A Dislexia é um transtorno neurológico que dificulta o adequado desenvolvimento da habilidade de leitura, escrita e atividades correlatas (como soletração).
É um transtorno espectral, havendo casos graves e casos bem sutis. Ocorre em ambos os sexos, sendo provavelmente um pouco mais comum em meninos. O quadro é fruto de distorção do desenvolvimento do processo de decodificação e codificação da linguagem escrita. Trata-se de uma disfunção cerebral, bem estudada e conhecida.
Em casos graves pode ocorrer incapacidade de leitura, mas o mais comum é a perda da fluência de leitura associado a erros, tais como: trocas de letras e sílabas, omissões, erros de pontuação, falta de concordância e dificuldade de interpretação. O processo de leitura não apresenta automação, sendo cansativo e dispendioso, com baixa eficiência. O mesmo se reflete na escrita, com erros evidentes e muito esforço.
Trata-se de um distúrbio muito comum. Sendo, sem dúvida, a principal causa de déficit de aprendizado nas salas de aula. Estima-se que entre 5 e 17% das crianças tenham dislexia em algum grau. A grande maioria ainda sem diagnóstico. Recebendo estigmas de preguiçosas, desleixadas, limítrofes intelectualmente, etc. O processo de dificuldade marginaliza o aluno, causando frustação e baixa autoestima.
DISLEXIA |
– Até 17 % da população |
– Ambos os sexos |
– Disfunção NEUROBIOLÓGICA (genética) |
– Quadro de DESENVOVIMENTO (leitura / escrita / soletrar) |
– INTELIGÊNCIA NORMAL ou SUPERIOR |
CAUSA da DISLEXIA
A dislexia é um transtorno determinado geneticamente. Filhos e irmãos de disléxicos têm uma chance maior de apresentar o transtorno.
CÉREBRO DO DISLÉXICO
O Cérebro do disléxico tem um funcionamento peculiar diante de Letras, sílabas e palavras. Áreas que deveriam ser acionadas, não são. Enquanto outras são sobrecarregadas.
O Hemisfério Dominante para a linguagem é o hemisfério ESQUERDO (na grande maioria das pessoas). Os estudos mostram 3 áreas de ativação no hemisfério ESQUERDA durante a leitura.
- ÁREA de percepção = mais posterior
- Área de decodificação = intermediária
- Área de associação fonêmica
O adequado funcionamento dessas 3 áreas produz uma leitura harmoniosa, efetiva, rápida e com baixo desgaste mental.
O Disléxico apresenta maior dificuldade nas 2 áreas mais POSTERIORES, havendo, no entanto, uma ativação maior da região mais ANTERIOR. (Aliás, nos disléxicos parece inclusive haver estimulação anterior no lado DIREITO do cérebro).
Como IDENTIFICAR a DISLEXIA
A DISLEXIA não aparece nos exames, nem de sangue e nem de imagem (Ressonância e tomografia comum). O diagnóstico depende de uma SUSPEITA CLÍNICA e na AUSEÊNCIA de outras doenças que explicam melhor os sintomas.
Uma dificuldade de leitura não explicada por dificuldades sensoriais (visão), de ensino (inadequação) , emocionais ou outra doença neurológica melhor caracterizada (como TDAH, autismo, etc), é chamada de dislexia.
O processo é crônico e uma criança disléxica, geralmente torna-se um adulto disléxico. Quanto antes o diagnóstico for feito ou suspeito, melhor o prognóstico.
O pediatra, o psiquiatra infantil ou o neuropediatra são os representantes da área médica que fazem geralmente o diagnóstico inicial. Outros profissionais também compõe a equipe na identificação e no tratamento da disfunção, tais como: psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogas, etc.
É fundamental que pais e educadores estejam alerta para os sintomas e na sua contribuição no tratamento e acompanhamentos dos portadores de dislexia.
IMPACTO DA DISLEXIA
O grande problema do disléxico é que o ENSINO TRADICIONAL e o conhecimento como um todo está codificado na FORMA da linguagem ESCRITA.
A escola tradicional valoriza muito a leitura e cobra os conhecimentos mediante a linguagem escrita, um martírio para o disléxico.
O aluno disléxico tem inteligência absolutamente normal ou até acima da média, são criativos, tem bom raciocínio lógico e apresentam boa interação pessoal.
O problema é que o conhecimento é condensado e apresentado, muitas vezes, pela linguagem escrita. Com isso o aluno perde muito, ou se cansa muito para alcançar os alunos não disléxicos. Isso dá a impressão que é um aluno inferior (atingindo sua autoestima e a perturbando a visão do professor sobre o aluno).
Outro problema é o tempo dado ao aluno disléxico para decodificar e/ou codificar o pensamento. Como o processo não é automático e a fluência é baixa, muitas vezes os erros não são percebidos apenas pela questão tempo.
A dislexia é um transtorno imutável, real, comum e instalado. Não é justo forçar o aluno a se adaptar ao sistema engessado. O ensino tradicional amplifica a limitação do aluno por negligenciara diferença. O correto seria personalizar o ensino às necessidades do aluno, flexibilizando o método de exposição do saber, flexibilizando o tempo de processamento, em prol da valorização do manejo do conteúdo, e não apenas na expressão escrita.
TRATAMENTO
O tratamento é complexo e deve ser ABRANGENTE, PERSONALIZADO e MULTI-PROFISSIONAL. Não bastar focar no aluno, deve-se focar no ensino como um todo. Cada disléxico é de um jeito, apresenta suas limitações e seus talentos e serem trabalhados. O ideal é desenvolver uma plena ciência das limitações individuais e planejar estratégias pedagógicas para um adequado desenvolvimento.
As medidas englobam aspectos fonoaudiológicos, pedagógicos, psicológicos e, numa minoria dos casos, medicamentos. Os medicamentos, quando necessários, visam melhorar alguma comorbidade, tal como a hiperatividade, desatenção, depressão, etc. Não existe medicamento específico para dislexia.
Prognóstico
Com medidas precoces e incisivas o prognóstico de boa parte dos disléxicos é bom. Temos inclusive uma lista interminável de DISLEXICOS notáveis, em todos os ramos do conhecimento humano e artes. Isso mostra que a transposição de dificuldades e o acionamento não peculiar de regiões específicas do cérebro podem desenvolver ganhos como CRIATIVIDADE, determinação, sensibilidade, etc…