Saiba mais sobre a temida Meningite
novembro 16, 2012Mitos e verdades sobre o nosso cérebro
novembro 16, 2012Você foi chamada na escola de seu filho porque ele tem problemas com a escrita, faz trocas de letras como v/f, d/t, p/b? Essa dificuldade em ler, escrever ou processar informações de um texto que algumas crianças apresentam pode ser sinais de dislexia, uma disfunção muito comum e ainda pouco conhecida pelos pais e educadores. Ela acomete, em grau variado, a capacidade de extração de conteúdo pela leitura e mesmo a síntese de ideia pela escrita. Os portadores dessa dificuldade não conseguem associar adequadamente os fonemas às letras.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete, em algum grau, até 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
De acordo com o neurologista formado pela Universidade de São Paulo, Dr. Leandro Teles (CRM 124.984), a dislexia pode ter determinantes genéticos. “A predisposição a dislexia está provavelmente impressa nos cromossomos. A chance do filho de um disléxico desenvolver a doença gira em torno de 40 % em alguns estudos, gêmeos idênticos (univitelinos) tem altas taxas de diagnóstico e essas taxas são bem superiores a de gêmeos não idênticos (bivitelinos), tudo isso demonstra que o componente genético é muito relevante. Vários genes estão sendo estudados como possíveis geradores da disfunção”, explica o neurologista.
É importante lembrar que a dislexia não significa desatenção, falta de motivação, baixa inteligência ou problemas emocionais.
Entenda um pouco mais sobre a disfunção e tire suas dúvidas com o neurologista, Dr. Leandro Teles:
1. A dislexia é comum?
R: A dislexia é o distúrbio muito comum, sendo o principal diagnóstico associado ao baixo rendimento escolar. De modo geral, ela acomete entre 5 a 17% da população mundial, um pouco mais de meninos em relação às meninas. A doença existe em todos os continentes e sociedades que utilizam a escrita. É uma disfunção que perdura em algum grau por toda a vida, então crianças disléxicas tornam-se adultos disléxicos. É fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento direcionado para que a pessoa atinja todo seu potencial escolar e profissional.
2. Quais são os sinais de alerta para a dislexia?
R: A criança com dislexia que dificuldade franca na leitura desde a alfabetização. Tem uma tendência a troca de letras, inversões silábicas, omissões, etc… a compreensão é dificultosa e geralmente subtotal. A disfunção impregna também a escrita, a forma das letras e eventualmente até a capacidade de elaborar cálculos matemáticos e de fixar a matéria. É importante frisar que deve-se sempre afastar outros problemas que possam estar mimetizando a dislexia, como problemas de visão, audição, déficit de atenção e mesmo problemas intelectuais ou emocionais.
3. Toda criança que apresenta dificuldade na leitura é disléxica?
R: Nem toda criança com dificuldade para ler e escrever é disléxica. Mas certamente todo o disléxico tem dificuldades para leitura, em algum grau. Por isso a dislexia é um diagnóstico de exceção, temos que ter clareza que não há outro distúrbio sensorial ou mental que justifique a dificuldade escolar. Outra questão é a própria inadequação do método de ensino em algumas situações. Por isso, o diagnóstico deve ser cauteloso e deve ser realizado com profissionais habilitados para tal.
4. Quais são os sinais precoces da dislexia, ou seja, antes da criança iniciar na escola?
R: Esses sinais podem ser observados por meio do histórico evolutivo da criança. Compare se algum parente teve alguma dificuldade escolar ou se há portadores do distúrbio na família. Atrasos na aquisição da linguagem oral, problemas em guardar o nome dos objetos, aprender a cantar músicas ou brincadeiras também podem ser notados antes da criança entrar na escola.
5. Como diagnosticar a dislexia?
R: a dislexia não é diagnostica com exames de sangue e nem com tomografia ou ressonância. O diagnóstico aflora de uma consulta clínica direcionada e com testes de linguagem. Importante re-enfatizar que é fundamental excluir dificuldades sensoriais (dificuldade para enxergar ou ouvir, por exemplo) e mesmo outras doenças cerebrais que possam justificar melhor a dificuldade da utilização da linguagem. É também fundamental diferenciar a dislexia dos transtornos transitórios do aprendizado e mesmo das dificuldades referentes a má aplicação do método escolar.
6. Quais são os profissionais que fazem esse diagnóstico?
R: o próprio pediatra que acompanha regularmente a criança pode, diante das queixas maternas, iniciar a investigação de dislexia. Em casos complexos é fundamental a participação do neuropediatra e de profissionais da área de fonoaudiologia e psicopedagogia.
7. Como os pais podem ajudar os seus filhos disléxicos?
R: os pais devem estar atentos para o desenvolvimento da linguagem e a alfabetização da criança. Caso reconheçam o alguma dificuldade o médico da criança deverá ser imediatamente comunicado. Uma linha de tratamento deverá ser traçada e seguida em busca da otimização do resultado escolar. Da mesma forma que é importante diagnosticar a dislexia é importante que não aja estigmatização da criança e nem superproteção. A criança deve ser encorajada a superar suas dificuldades e deve receber o mesmo tratamento afetivo e social de qualquer outra criança sem dislexia.
8. Qual o tratamento para os portadores de dislexia?
R: A dislexia deve ser tratada com intervenções psicopedagógicas e fonoaudiológicas. Nenhum método de reabilitação é totalmente eficaz, por isso a linha deve ser escolhida caso a caso. A meta não é a cura, uma vez que a dilexia é um distúrbio crônico e persistem, em algum grau, até a idade adulta. Quanto antes for instituída a terapêutica, melhor será o resultado final em termos escolares e profissionais.