O cérebro e a perda de peso
setembro 12, 2018Conheça a Distimia – Um importante tipo de Depressão
setembro 12, 2018A depressão está entre as mais comuns e avassaladoras doenças psiquiátricas. Acredita-se que cerca de 10 a 15% dos adultos brasileiros apresente depressão em algum momento da vida. Segundo a OMS, está entre as principais causas de perda de qualidade de vida, dias produtivos e impacto socioeconômico. O risco é maior em mulheres (2 x maior que homens), populações de baixa renda / escolaridade e pessoas com familiares deprimidos. No entanto, a Depressão é uma doença de distribuição democrática, acomete pessoas de ambos os sexos, todas as classes sociais, idades e condições de vida. É descrita em todos os povos e continente e em vários pontos da história da humanidade. Acredita-se que existam mais de 300 milhões de pessoas deprimidas no mundo, muitos sem diagnóstico ou tratamento adequados.
SINTOMAS
Existem várias formas de DEPRESSÃO, nenhum paciente é igual ao outro. Mas como característica comum a TODOS está o sofrimento psíquico, as emoções negativas e redução da capacidade de sentir prazer.
Sintomas psíquicos: baixa autoestima, frustação, culpa, desapego à vida, melancolia, ansiedade, pessimismo, etc.
Sintomas físicos da depressão: alteração de apetite (geralmente para menos), alteração do sono (geralmente insônia), baixa sexual, alteração gastrointestinal (constipação ou diarreia) e alterações cognitivas, como desatenção, esquecimento e redução da criatividade.
O quadro tem duração superior a 2 semanas (14 dias), precisa impactar de forma contundente a qualidade de vida e não ser explicado por problemas clínicos ou psiquiátricos específicos.
Como podemos ver a depressão é uma SÍNDROME (um conjunto peculiar de sinais e sintomas). Tristeza isolada e reacional a um evento NÃO é DEPRESSÃO, e sim uma resposta fisiológica e adaptativa.
Subtipos de Depressão
Existem diversas classificações e variações entre especialistas, vamos às mais importantes.
1- Intensidade
Existem depressões de intensidade LEVE, MODERADA e GRAVE. Alguns autores dividem em Depressão MENOR (mais leve) e MAIOR (mais grave). Depressão mais grave apresentam mais sintomas e em intensidade mais evidente. Uma pessoa depressiva grave fica lentificada, francamente pessimista e praticamente arreativa ao prazer, se isolando e por vezes com dificuldade de sair do próprio quarto e ver a luz do SOL. Esse quadro é geralmente bastante evidente e apresenta um risco de vida (suicídio) de cerca de 20%.
Depressão mais leve (episódica) pode ser mais sutil e menos incapacitante, mas causar sofrimento suficiente para atrapalhar a qualidade de vida e o rendimento da pessoa, configurando uma doença com necessidade de reconhecimento e tratamento.
2- Duração
Existem forma AGUDAS (EPISÓDICAS), sempre com duração superior há 2 semanas, e formas CRÔNICAS (acima de 2 anos) contínua e mais leva, conhecia como DISTIMIA.
A depressão episódica ocorre em SURTOS com duração de semanas a meses, entremeados por fases de normalidade. A Distimia é uma forma arrastada e bem crônica, com isso muitos pacientes não recebem o diagnóstico correto.
3- Oscilação
Existe basicamente das formas características de depressão EPISÓDICA (surto / remissão). A depressão comum, ou UNIPOLAR, aonde o paciente tem episódios de DEPRESSÃO entremeados de fases normais. E a DEPRESSÃO BIPOLAR (TAB), aonde ocorrem episódios Depressivos intercalados com episódios de EUFORIA PATOLÓGICA.
4- Sintomas Predominantes
Dentre o conjunto de sintomas que um paciente pode apresentar, alguns podem predominar e dar o tom do quadro depressivo. Por isso, as vezes sub-classificamos como DEPRESSÃO MELANCÓLICA, DEPRESSÃO APÁTICA, DEPRESSÃO ANSIOSA, DEPRESSÃO PSICÓTICA, DEPRESSÃO ATÍPICA, etc.
5- Causas
Falar de causa de depressão é sempre complicado, por existem fatores genéticos, hormonais, de criação e de contexto de vida. Existem depressões precipitadas por questões de vida, como perdas e traumas, depressões pós parto, depressão induzida por uso de drogas e depressão secundária a problemas clínicos (tais como câncer, esclerose múltipla, Parkinson, demência, fibromialgia, hipotireoidismo, lesões cerebrais, etc.). O próprio processo de envelhecimento é um fator de risco para depressão, por vezes sub-diagnositicada nessa fase da vida. Mulheres apresentam um risco maior que homens, quase o dobro, principalmente em fases de oscilação hormonal, como pós-parto e menopausa.
O CÉREBRO COM DEPRESSÃO
Acredita-se que a Depressão leve a um funcionamento cerebral anormal. Além da tristeza desmedida e da franca dificuldade em extrair prazer em atividade previamente prazerosas, a pessoa com depressão também apresenta dificuldade em criatividade, concentração e memória. Acredita-se que a comunicação entre os neurónios fique um pouco prejudicada, principalmente nas vias dependentes da ação da SEROTONINA, DOPAMINA e da ADRENALINA, que são moléculas importantes para conduzir a informação de um neurônio para o outro. A base do tratamento farmacológico da depressão é ajustar o funcionamento desses neurotransmissores.
Os sintomas cognitivos de depressão são mais frequentes em idosos, podendo até confundir com síndromes demenciais, como o Alzheimer.
A depressão também altera profundamente as funções básicas do individuo, como alimentação, ritmo de sono, performance sexual, gerando uma cadeia de eventos que culmina em uma piora progressiva e abrangente da saúde física.
Em casos graves podem surgir psicoses e ideação suicida, eventos extremamente graves.
TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
O tratamento da depressão deve ser personalizado e multifatorial. Doenças complexas exigem medidas complexas e complementares. Achar que sairá da depressão apenas com mudanças do estilo de vida ou apenas com a ação de um medicamento é um erro primário.
É fundamental aplicar modalidades múltiplas, quase sempre com medidas psicoterápicas, apoio familiar, mudanças de estilo de vida e muitas vezes medicamento, pelo menos por um tempo (geralmente não menos de 6 meses a 1 ano). Recomenda-se atividade física aeróbica, boa alimentação, atividades sociais, controle do estresse e ajuste de sono. Apoiar-se em amigos e familiares, desenvolver, com ajuda de um psicólogo, ferramentas psíquicas de enfrentamento, etc. Os medicamentos também ajudam muito na reversão dos sintomas, reduzem a ansiedade, melhoram a disposição e a percepção de prazer. Hoje a depressão é tida como uma doença orgânica, como um desbalanço bioquímico cerebral, com falhas de funcionamento de transmissores como a SEROTONINA, a DOPAMINA e a NORADRENALINA. Negar o aspecto biológico e atribuir a depressão a fragilidade de personalidade ou a mecanismos puramente psíquicos e contextuais é menosprezar sua real etiologia e seus determinantes.