Dores de cabeça no Verão
setembro 25, 2018Os mais importantes tipos de ansiedade
setembro 25, 2018Dificuldade em prestar a atenção, impulsividade, problemas de comportamento, inquietude, impressão que está sempre no mundo da lua e rendimento ruim, esse é o perfil do portador de um transtorno relativamente comum e ainda muito pouco comentado: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). É uma doença de descrição relativamente recente, sendo melhor estudada e difundida após os anos 80. Apesar disso já foi descrita em diversas regiões do mundo e em praticamente todas as culturas, sendo os primeiros casos sidos relatados na primeira metade do século XX. É um transtorno neurológico crônico, de início na infância (geralmente antes dos 7 anos) e 3 vezes mais comum em meninos. Acredita-se que cerca de 6% da população tenha esse distúrbio (1 a cada 20 pessoas!). Seus sintomas podem trazer importante comprometimento da qualidade de vida da pessoa e seus familiares. O reconhecimento preciso, precoce, e o tratamento direcionado reduzem de forma importante o comprometimento funcional.
O TDAH é um distúrbio cerebral complexo que geralmente acompanha o paciente durante toda a vida (cerca de 2/3 dos pacientes com TDAH mantem sintomas disfuncionais na vida ADULTA). O diagnóstico baseia-se na história clínica, que traz, em nível variado, TRÊS SINTOMAS PRINCIPAIS: desatenção, impulsividade e hiperatividade.
O problema não é anatômico e não aparece em exames, nem mesmo em Ressonância Magnética, exames de sangue e exames genéticos. A dificuldade está no funcionamento dos neurônios da região mais anterior do cérebro (chamado lobos frontais). Acredita-se que haja disfunção das vias que regem a concentração, regulam o sistema de previsão de resultados e garantem um comportamento mais sereno e produtivo. Sem essa regulação, a pessoa parece ligada no 220V, fica aérea, agitada, age por impulso antes de pensar adequadamente, dissipa sua energia mental e tem seu rendimento comprometido.
Existem formas mais DESATENTAS (mais comum em meninas), aonde a pessoa apresenta franca dificuldade de direcionar, partilhar ou sustentar a atenção ao longo do tempo; formas mais HIPERATIVAS (preferencial em meninos): com franca inquietação física e mental; e por fim, formas MISTAS: com DESATENÇÃO e HIPERATIVIDADE.
Desatenção:
- Falta de concentração / memória ruim / parece aéreo / distrai-se com facilidade / parece não ouvir quando chamado / rendimento escolar ruim / sensibilidade em ambiente com muitos estímulos.
Hiperatividade:
- Não para quieto / mexe em tudo / parece ligado em um motor / movimenta partes do corpo / cansa seus cuidadores / energia excessiva / fica pouco tempo em uma mesma atividade.
Impulsividade:
- Agir antes de pensar / queimar a “largada” / interromper conversas / não consegue esperar a sua vez.
Os sintomas ACESSÓRIOS incluem dificuldade em concluir tarefas que exijam interação de médio longo / prazos, procrastinação (deixar para depois), ansiedade, transtorno opositor (geralmente desenvolvido na adolescência), disfunção executiva, esquecimentos, etc.
Muitas vezes a pessoa com TDAH é conhecida por ser meio desleixada, se atrasa para compromissos, é desorganizada, não executa bem tarefas simultâneas, podendo ter problemas para dirigir, problemas de relacionamento, dificuldade em concluir cursos ou engrenar na vida profissional.
É importante ressaltar que a inteligência quase sempre é NORMAL ou ACIMA da média, mas a desatenção, a impulsividade e a eventual hiperatividade leva a um franco comprometimento da performance geral, fazendo o paciente funcionar aquém de sua potencialidade.
O diagnóstico pode ser feito a parir dos 6 anos de idade, uma vez que comportamento inquieto, impulsivo e desatento é natural (em algum grau) em crianças pré-escolares.
Para o diagnóstico é fundamental afastar outros problemas, tais como: problemas endocrinológicos, sensoriais (surdez e baixa visão), problemas educacionais, problemas no ambiente familiar, questões emocionais, etc. Na presença de um ou mais desses transtornos é importante estabelecer a proporcionalidade entre eles e os sintomas apresentados. É preciso que os sintomas tenham início na infância (idealmente antes dos 7 anos de idade), que sejam manifestos em vários ambientes e percebidos por diferentes pessoas, além de ter intensidade suficiente para causar alteração na qualidade de vida.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser absolutamente personalizado e envolverá quase sempre medidas medicamentosas e não medicamentosas.
Para definir o tratamento de determinado caso, o médico levará em conta a gravidade, os sintomas preponderantes, as comorbidades (doenças associadas), etc. No adulto é mais comum associação com quadros francamente ansiosos e até depressivos, abuso de substâncias, desarranjo social, profissional, etc.
O tratamento deve sempre envolver MUDANÇAS de ESTILO de VIDA, medicamentos para concentração em casos selecionados e psicoterapia para aqueles com comorbidades psiquiátricas.
Importante notar que são criança inteligentes, alegres e criativas, que apresentam muitas potencialidades a serem desenvolvidas junto com minimização do impacto da falta de concentração que apresentam. O tratamento tem um bom prognóstico geral, principalmente quando feito de forma precoce, abrangente e com auxílio de bons profissionais.