Aneurisma Cerebral
setembro 12, 2018O cérebro e a perda de peso
setembro 12, 2018O cérebro humano é a estrutura biológica mais complexa que se tem conhecimento. A ação dos seus quase 100 bilhões de neurônios, formando trilhões de sinapses (comunicação entre os neurónio) ainda é fruto de muita investigação e descobertas por parte da ciência. Nessa pauta bem interessante vamos discutir algumas curiosidades desse sistema fantástico.
O cérebro é o órgão mais complexo do corpo, coordena a percepção de mundo e a tomada de decisões. À distancia, recebe informações internas e externas ao corpo e além dos movimentos musculares, comenda boa parte da função de outros órgãos, como o coração, pulmões, sistema endocrinológico e imunológico.
Vamos direto ao MITOS / VERDADES:
1 – Quanto maior o cérebro maior a inteligência. MITO
O tamanho do cérebro e da cabeça não tem relação direta com a inteligência. A inteligência é fruto da qualidade da conexão entre determinados neurônios e da eficiência de complexas redes neurais. Comparando, por exemplo, o cérebro humano com o de outras espécies, fica claro que o tamanho não garante evolução cognitiva. Baleias e elefantes, por exemplo, têm um cérebro muito maior que o cérebro humano e são cognitivamente inferiores. Animais maiores têm crânios maiores e cérebros maiores. Durante um tempo, cientistas consideraram a relação entra peso cerebral e o peso corporal como um bom preditor de inteligência, já que o ser humano tem um cérebro pesado em relação ao seu peso corporal (diferentes das baleias e elefantes, por exemplo). Mas mesmo esse critério caiu por terra, pois existe um saguizinho (SAGUI) que tem uma relação peso do cérebro e peso do corpo mais favorável que a humana, e não se mostra assim mais inteligente. Atualmente outros critérios são analisados, como quantidade de neurônios nas regiões mais superficiais do cérebro (taxa de encefalização). Massa cerebral em regiões ligadas à cognição, e assim por diante.
Interessante notar que o “tamanho não é documento” nem mesmo dentro da própria espécie. Diferente de um mito popular, crianças e pessoas com a cabeça grande não são necessariamente mais inteligentes. O cérebro de Albert Einstein (considerado um gênio de sua época), apresentava peso tamanho e anatomia mais ou menos padrão.
Medidas do cérebro humano – 1,5 Kg – 2% do peso corporal – 80 bilhões de neurônios
2 – O cérebro regula a razão e o coração regula a emoção. MITO
A razão e a emoção são habilidades puramente cerebrais. A razão é uma modalidade do córtex cerebral, uma camada mais superficial e mais nova na evolução. A emoção aflora de estruturas mais antigas e profundas do cérebro. O coração é uma bomba muscular altamente especializada em bombear o sangue para nutrir os órgãos com oxigênio e nutrientes. Claro que é um órgão vital e fascinante, uma estrutura de ação crônica ininterrupta que bate cerca ade 45 milhões de vezes por ano e se adapta brilhantemente às mais diferentes demandas. Mesmo assim, o mérito emocional ainda é do sobre querido cérebro.
Essa grande injustiça surgiu na interpretação de alguns poucos séculos atrás (inclusivo por interpretações do grande PLATÃO), aonde a repercussão cardíaca das questões emocionais o colocaram no centro da análise, chamamos de era CARDIOCENTRISTA. Encontrávamos alguém que gostamos muito e nosso coração pulava, por exemplo. Com isso o coração virou a eterna sede das emoções mais nobres, boas e ruins. Na verdade, o coração apenas refletia as descargas de cortisol e adrenalina precipitadas pelo sistema nervo central, em suas regiões mais profundas e poderosas, capazes de regular emoções e comportamentos instintivos.
Portanto, nesse “cabo-de-guerra” entre razão e emoção temos o cérebro nas duas pontas. Precisamos ser mais justos com nosso cérebro, que se desdobra para dar conta da racionalidade e ainda controla (ou descontrola) nossas emoções. Bora trocas os EMOJIS do WhatsApp e dar almofadas em forma de Hipotálamo para nossos amores, chega de cardiocentrismo!
3 – Usamos apenas 10 % da capacidade cerebral. MITO
Esse número cabalístico é frequentemente citado sem nenhum embasamento científico. Muita gente acredita e propaga essa ideia de reserva funcional de 90% , ou seja, que teríamos uma capacidade não aproveitada e que nosso cérebro seria um orgão ainda mais fantástico se utilizado em todo seu potencial. Vemos esse conceito em campanhas publicitárias, dentro de conceitos religiosos, em filmes de amplificação mental (como Lucy – planeta dos macacos – sem limites – etc), com isso esse mito ganha cada vez mais força.
Na verdade, existem muitos evidência de que utilizamos grande parte do nosso cérebro! Vamos a elas:
- Lesões cerebrais diversas, em várias regiões e em diversos tamanhos causam perdas funcionais bastante relevante no rendimento cerebral. Sugerindo fortemente que o cérebro como um todo é fundamental para nosso rendimento.
- Estudos com imagem funcional, que são exames que enxergam a atividade das células durante determinadas atividades, mostram boa parte do cérebro ativa e envolvida com a tarefa, principalmente as mais complicadas.
- O cérebro humano consume uma baita energia metabólica. Para manter-se ativo ele gasta cerca de 20% de toda energia do corpo, mesmo pesando apenas 2% do peso corporal. Sustentá-lo com uma efetividade de apenas 10% seria um grande desperdício biológico, totalmente contrário a teoria evolucionista vigente atualmente.
Obviamente que algumas áreas se ativam mais ou menos a depender da atividade vigente. Também é claro que podemos ampliar um pouco nossa capacidade com treinamento e estudos. Agora, estipular a taxa de rendimento em 10% é algo fantasioso e totalmente sem embasamento científico. Todo órgão do corpo trabalha com uma folga, uma espécie de reserva funcional, o cérebro não é diferente. Estima-se que a reserva funcional cerebral seja em torno de 20%, levando a uma taxa de atividade funcional estimada em 80%.
4 – O cérebro não dói. VERDADE
O cérebro não dói mesmo! Ele é capaz de perceber e localizar desconfortos e dores causados por lesões em praticamente qualquer região do corpo, mas não é capaz de sinalizar insultos ocorridos nele diretamente. Trata-se de um ORGÃO anestesiado, sem percepção de dor. Quando sentimos dor de cabeça o que dói são os músculos, os vasos sanguíneos, as meninges (que são camadas que revestem o cérebro), etc, mas não o tecido cerebral propriamente dito. Por esse motivo, em alguns procedimentos cirúrgicos no cérebro o paciente pode até ficar acordado durante a cirurgia, ajudando o neurocirurgião no mapeamento das funções cerebrais a serem preservadas na cirurgia.
Quem não se lembra da famosa (e bizarra) cena de Hannibal em que o psicopata fala com um homem com a cabeça aberta e corta um pedacinho de seu cérebro e oferece para ele mesmo comer. Isso seria possível teoricamente dada a insensibilidade do tecido cerebral.
5 – Existe diferença entre o lado direito e esquerdo do cérebro VERDADE
Os lados cerebrais são anatomicamente bem parecidos mas apresentam algumas funções um pouco diferentes. Isso pode variar um pouco de pessoa. Antes de explicar s diferenças é fundamental pontuar que exista um franco EXAGERO nessa questão de diferença entre direita e esquerda. Os hemisférios funcionam sempre juntos e são complementares para a grande maioria das atividades mentais complexas. Esse papo de treinar o cérebro direito ou esquerdo ou de aplicativos que avaliam qual lado seu é mais desenvolvido mostram uma visão extremamente simplista de uma situação bastante complexa. Mas vamos lá! A diferença mais óbvia e gritante é na “destreza” manual, nos destros (maioria das pessoas) a coordenação fina fica a esquerda e nos canhotos (minoria), fica a direita. O Hemisfério Esquerdo é o dominante para linguagem (leitura, escrita e fala), na grande maioria das pessoas (exceto em cerca de 40% dos canhotos), mas devemos lembrar que a intonação a compreensão não literal e a melodia da fala, são interpretadas pelo Hemisfério Direito (completando o esquerdo). O hemisfério esquerdo normalmente é mais literal e mais relacionado ao raciocínio logico sequencial. Já o Hemisfério Direito é mais criativo, intuitivo, relacionado a capacidades visuais. Da mesma forma como na linguagem, não existe uma franca dissociação, uma vez que a criatividade ajuda na lógica e claramente a lógica ajuda na criatividade. Os hemisférios trocam constantemente informações (através de grossos feixes inter-hemisféricos) e atuam sinergicamente (cooperativamente) na esmagadora maioria das vezes.
6 – Exercitar o cérebro nos torna mais inteligente. VERDADE
A atividade intelectual fortalece e agiliza as redes cognitivas. Quem é intelectualmente mais ativo está mais protegido contra doenças degenerativas como a doença de Alzheimer, por exemplo. A inteligência é entendida como a capacidade de solucionar problemas, levar a cabo missões cognitivas e administrar conflitos. Ela é fruto de potencial genético (em grande parte imutável) e desenvolvimento contextual (ambiental, mutável e dinâmico). O cérebro se nutri de experiências, quando mais complexa, desafiadora e constante, melhor. O cérebro aprende e desenvolve novas ferramentas cognitivas a depender do tipo de exposição que está habituado. Podemos descer ou subir a escada da inteligência a depender do tipo de atividade que nos dispomos a fazer com realidade, mais ou menos como ocorre com nossos músculos que variam em maior ou menor eficiência a depender da demanda motora. Por isso a dica é sempre vivenciar experiências novas e fazer coisas rotineiras de formas diferentes. Saindo da zona de conforto o cérebro estará sempre obrigado a se exercitar e a manter e até melhorar o desempenho intelectual.
7 – O cérebro do homem é diferente do cérebro da mulher. VERDADE
Por questões anatômicas, perfil de ação hormonal e cultural (sendo muito. O cérebro feminino é um pouco menor e mais leve. No entanto, é superior em atividades criativas, intuição, sensibilidade, linguagem e senso de preservação. Já o cérebro masculino é mais lógico, melhor em percepção visuo-espacial e mais focado. O cérebro masculino desenvolveu melhor habilidades motoras e soluções pragmáticas. Já o feminino desenvolveu melhor o cérebro social, mais hábil para as complexidades dos relacionamentos interpessoais. Atualmente as diferenças (culturais) são menores e repercutem pouco no rendimento social e interpessoal. O principal hormônio masculino é a testosterona, sendo o principal hormônio feminino o estrógeno. Isso pode trazer mais impulsividade e agressividade ao cérebro masculino, mais oscilação ao temperamento feminino (ciclo menstrual) e maior senso de proteção familiar.