O sono
dezembro 12, 2012Insônia (Revista Polishop)
dezembro 16, 2012Neste texto Dr. Leandro Teles enumera e comenta 10 aspectos importantes sobre a terrível Enxaqueca.
1- Enxaqueca é um tipo peculiar de dor de cabeça.
Não é qualquer dor de cabeça forte que podemos chamar de enxaqueca. Ela é uma dor geralmente pulsátil (latejante), lateralizada, de intensidade forte, duração de 4 a 72 horas (se não medicada) e associada a sintomas como: náuseas, sensibilidade à luz, ruídos e cheiro fortes, piora com atividades do dia-a-dia. Alguns pacientes apresentam alterações visuais ou outras alterações neurológicas transitórias antes do início da dor. Para o diagnóstico preciso é fundamental a manifestação crônica e recorrente, sem nenhuma evidência de outra doença que possa explicar os sintomas. Não precisa ter todos os critérios acima, mas uma boa parte deles deve estar presente.
2- Enxaqueca é muito comum, principalmente entre as mulheres.
Cerca de 20 % da população tem enxaqueca. As mulheres são 3 X mais predispostas (temos 30 % das mulheres em idade fértil com enxaqueca). São cerca de 35 milhões brasileiro sofrendo com essa doença. Entre crianças os índices chegam a 8%. A predisposição do sexo feminino é, em grande parte, explicada pela oscilação do hormônio estrógeno, que ocorre no período fértil. Por essa relação com o ciclo reprodutivo, as mulheres tendem a piorar no pré-menstrual, no primeiro trimestre da gravidez e melhoram, em alguns casos, após a menopausa.
3- A causa da Enxaqueca é Genética! Mas as crises podem ser precipitadas por fatores Ambientais.
Não tem enxaqueca quem quer, precisar ter predisposição genética para tal. A genética torna o indivíduo mais sensível a fatores ambientais que levam ao aparecimento de uma crise. Os principais fatores do ambiente envolvidos no início de uma crise são: stress, distúrbios de sono, oscilação hormonal (estrógeno, principalmente), alimentação (cafeína, queijos amarelos, embutidos, condimentos, vinho tinto, entre outros), consumo de álcool, ansiedade, alterações climáticas, etc… Todo paciente precisa conhecer sua predisposição e quais estímulos ambientais ele deve evitar (essa análise é feita caso a caso, pois nem todo mundo é sensível ao mesmo fator gatilho).
4- O impacto na qualidade de vida é muito alto.
Muita gente menospreza o diagnóstico de enxaqueca e seu impacto na saúde de uma pessoa. Mesmo entre profissionais da saúde surge preconceito como se ela fosse benigna e fruto de frescura, vontade de chamar atenção, entre outros absurdos. A enxaqueca é uma das dores mais intensas que alguém pode sentir, atrapalha diretamente o desempenho escolar, profissional e social das pessoas. Sua frequência, a resposta variável aos medicamentos, a imprevisibilidade da crise, tudo isso está associado a um comprometimento direto da qualidade de vida. Por isso, devemos dar toda atenção do sistema de saúde como um todo para a prevenção e o tratamento desta que é a segunda causa de perdas de dia no trabalho e escola e gera desconforto crônico para seus portadores.
5- A enxaqueca não aparece nos exames.
A enxaqueca é uma disfunção da função do cérebro e de seus vasos, não é uma alteração estrutural fixa. Os exames são geralmente todos normais. Tomografia, Ressonância Magnética, Eletroencefalograma, Exames de sangue, etc…, todos são direcionados para outras causas de dor que possam mimetizar os sintomas da enxaqueca. O diagnóstico é feito pela história clínica e o exame físico e neurológico. O médico pedirá exames apenas em casos selecionados onde o risco de outras doenças estiver aumentado.
6- A enxaqueca não tem cura, mas o problema pode ser bem controlado.
Com relação à enxaqueca, não falamos em cura, falamos em controle dos sintomas. Como é uma predisposição genética ou sintomas podem voltar sempre que o tratamento for interrompido ou mesmo durante o tratamento. A meta é sempre reduzir a intensidade e a frequência da dor de modo a reestabelecer ao máximo a qualidade de vida. Sempre o paciente necessitará de acompanhamento, atenção aos hábitos de vida e terá fases melhores e piores com relação às dores de cabeça.
7- O tratamento exige mudanças no estilo de vida
Todo paciente com enxaqueca deve procurar mudar alguns hábitos de vida. O exercício físico regular ajuda no controle da dor, assim como ter um sono adequado e controlar o peso. Com relação aos alimentos é fundamental mapear a dor e ver se ela responde a alguma restrição específica. O paciente deve ser acompanhado por um médico de confiança e anotar em um diário de sintomas a evolução dos sintomas.
8- O uso excessivo e indiscriminado de analgésicos agrava o problema.
Aqui um conceito fundamental. A enxaqueca é um problema crônico e deve ser combatido com medidas de médio e longo prazo. Os analgésicos comuns cortam a dor, mas podem precipitar mais e mais crises, com piora da frequência das dores. Se estiver havendo uso acima de 2 comprimidos por semana de analgésicos, já consideramos abuso e uma intervenção médica mais radical deve ser tomada para solucionar o caso.
9- Existem medicamentos preventivos de vários tipos.
O tratamento mais efetivo para crises de enxaquecas intensas ou muitos frequentes é a profilaxia. Neste caso utilizamos medicamentos diariamente, em doses baixas, para evitar que a dor se inicie. Existem mais de 10 opções de medicamentos que podem cumprir esse papel. A escolha do medicamento é feita baseado no perfil de cada paciente e do perfil dos efeitos colaterais dos medicamentos. A profilaxia é utilizada pelo período mínimo de 6 meses e pode ser descontinuada a critério médico.
10- O que fazer durante uma crise de enxaqueca.
Durante uma crise de enxaqueca é fundamental que o paciente busque o repouso, evite lugares muito iluminados ou com ruídos e cheiros fortes. Pode usar compressas geladas na cabeça e técnicas de relaxamento. Quanto às medicações é recomendado seguir a orientação de seu médico de confiança e tomar o remédio antes que a crise piore muito, pois o resultado é pior. Caso haja impossibilidade de ingerir o medicamento ou a dor piore muito é recomendado a procura de um serviço de pronto atendimento para receber ajuda e eventualmente medicamentos na veia. Evite a automedicação e mantenha seu médico sempre informado.
Fonte – Neurologista Leandro Teles – www.leandroteles.com.br