Memória
setembro 29, 2013TDAH
outubro 7, 2013Muita gente já deve ter ouvido falar em problemas de atenção e hiperatividade em crianças em idade escolar. Agora, será que os adultos também podem sofrem desse mal ? Segundo conceitos mais recentes, grande parte dos portadores do chamado TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) na infância mantém sintomas evidentes ou residuais após a adolescência.
Segundo o Dr. Leandro Teles, neurologista formado pela Universidade de São Paulo: “Estima-se que 1 em cada 20 crianças (5% da população) tenha TDAH e hoje sabe-se que grande parte delas mantém sintomas e dificuldades na vida adulta, é fundamental conhecer algumas peculiaridades desse transtorno para fazer o diagnóstico correto e trata-la em qualquer fase da vida”.
O TDAH é um problema de desenvolvimento, crônico, de causa genética com alguma influencia ambiental, mais comum em meninos (na proporção de cerca de 3 para cada menina). Os sintomas são manifestos geralmente antes dos 7 anos de idade e os 3 sintomas principais são: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade.
A desatenção leva a esquecimentos, dificuldades de manter determinadas atividades principalmente se for algo monótono e desestimulante ou se o ambiente tiver muitos distratores, podendo trazer dificuldades escolares, profissionais e sociais.
A hiperatividade é outro sintoma evidente, principalmente em meninos . A criança não para quieta, mostra intensa inquietude psíquica e motora, parecem “ligadas no 220 V”, fazem várias coisas ao mesmo tempo e costumam deixar as mãe de cabelo em pé.
A impulsividade se manifesta como um agir antes de pensar, interrompem conversas, respondem antes de terminar a pergunta, quebram objetos, etc.
Segundo Dr.Teles: “Em adolescentes e adultos o transtorno é um pouco diferente. A proporção entre homens e mulheres é quase a mesma e o comportamento hiperativo é menos evidente, geralmente predominando a desatenção e a impulsividade”. E explica: “O que incomoda mais na infância é a hiperatividade e a performance escolar. Por isso, formas sem hiperatividade e com rendimento escolar aceitável podem passar batidas. Já na vida adulta, a demanda de atenção é outra, além do pessoa já realizar diretamente suas escolhas de vida. São queixas comuns, nessa faixa etária: baixo rendimento no trabalho, dificuldades conjugais, dificuldade de levar a cabo projetos de médio e longo prazos, busca de prazeres efêmeros (risco de abuso de drogas e transtornos de conduta), constantes atrasos, desorganização, etc.”.
No Brasil, muitos portadores ainda não recebem o diagnóstico na infância. Passam grande parte da vida sofrendo as dificuldades inerentes ao TDAH e buscando adaptações constantes, são rotuladas como malcriados, mimados, sem limites, deficientes intelectuais, excêntricos, etc. Arrastam uma vida escolar problemática e evoluem com dificuldades sociais, familiares e de auto-aceitação.
“O tratamento pode e deve ser iniciado em qualquer fase que vida. Deve incluir orientação, medidas sócio-educativas, alterações ambientais, atividade física e , em casos selecionados, medicamentos. Quanto antes for iniciado (preferencialmente entre 6 e 8 anos de idade), melhor é a evolução final, uma vez que reduzimos o tempo de desajuste em uma fase de profundo amadurecimento cerebral”, orienta o especialista.
O TDAH pode vir acompanhado ou até gerar outros problemas de saúde, tais como: ansiedade, depressão, abuso de drogas, distúrbios de conduta, dislexia, tiques, etc. Para um diagnóstico correto é fundamental a busca de um profissional habilitado, no caso de adultos, o médico neurologista ou psiquiatra. O problema não aparece em exames, sendo o diagnóstico fruto de uma avaliação médica abrangente e estruturada durante uma consulta.
Abaixo, Dr. Leandro cita os critérios mais importantes para o diagnóstico em adolescentes e adultos:
1) Sintomas frequentes de desatenção, esquecimentos, desorganização e incapacidade de levar a cabo as atividades.
2) Inquietação motora e psíquica com dificuldade de se manter parado ou relaxado.
3) Impulsividade, com ações dissociadas de planejamento adequado.
4) Os sintomas devem ter início desde a infância, mesmo que sem diagnóstico, ter duração crônica, ter impacto inequívoco na qualidade de vida ,rendimento profissional, conjugal, social, escolar, etc. e serem evidentes em contextos diversos; casa, no trabalho, no lazer, etc.
5) É fundamental que os sintomas não sejam decorrentes de outras patologias conhecidas.
Mais informações = www.tdah.org.br