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março 12, 2013Cérebro humano
março 25, 2013Você acredita em fantasmas? E em membro fantasma? Segundo especialistas, isso não é uma questão de crença, é um curioso evento neurológico. Quem não assistiu e se comoveu com a história do rapaz que teve seu braço amputado em um assistente na Avenida Paulista? Segundo relatos, a impressão do rapaz de que o membro ainda estava lá em seu corpo era bastante intensa e real. Na verdade, essa impressão pode perdurar por meses, anos, ou até pela vida inteira. Mas, qual será a explicação científica para esse fenômeno e quais os desconfortos que ele pode trazer?
Segundo o neurologista Leandro Teles, formado e especializado pele USP: “Existe um conflito entre a perda anatômica, a imagem corporal cerebral, a memória sensitiva e aspectos psíquicos. O membro sai do corpo, mas não sai do cérebro, isso pode gerar o aparecimento do membro fantasma, algum desconforto e até dores crônicas de difícil tratamento”.
O cérebro humano possui um mapa corporal definido, cada parte do corpo tem uma localização específica no cérebro. Esse mapa é conhecido como homúnculo, temos um mapa motor e outro sensitivo. Um membro recebe instruções motoras do cérebro através da medula e dos nervos, da mesma forma que comunica questões sensitivas ao cérebro pelos nervos e pela medula. A perda do membro não destrói integralmente esse caminho neurológico, o cérebro enxerga visualmente que o braço não está lá, mas recebe informações sensoriais que viriam daquele sítio. Para agravar ainda mais a condição o cérebro está recheado de memórias prévias a amputação e a pessoa pode até sonhar com o membro íntegro.
“É como esse desconectássemos uma impressora do computador cortando seus fios. Para o computador, a impressora continua instalada e sua porta de entrada, ocupada. Por isso ele continuará tentando utilizá-la, o que gerará mensagens de erro.” explica o neurologista.
Com relação aos sintomas, o paciente amputado pode perceber continuamente como se o membro estivesse lá. Alguns referem o sintoma apenas de vez em quando. Uns descrevem como se o membro estivesse parado, estático, muitas vezes na posição que estava na hora da perda, enquanto outros descrevem até sensação de movimento. Podem ocorrer reflexos como tentar retirar o membro inexistente quando algo passa perto ou algum desconforto quando se coloca em posição que pudesse causar dano ao membro.
Além da percepção do membro fantasma, também pode surgir a temida dor do membro fantasma. Segundo Teles: “A percepção do membro é uma coisa, a dor cônica nesse membro, outra. A dor no membro fantasma tem determinantes cerebrais, psíquicos, alteração do nervo no local do coto, memória de dor previa a amputação, fatores medulares, adaptação a órtese, etc. Como podemos ver a causa é multifatorial e o tratamento também deve ser abrangente e personalizado”.
O membro fantasma é mais um exemplo da fascinante e complexa engrenagem neurológica do ser humano. Sendo um efeito colateral eventual da luta adaptativa que nos mostra extraordinários exemplo de superação e força de vontade.
Fonte – Neurologista Leandro Teles – CRM 124.984 – www.leandroteles.com.br (permitido divulgação com citação da fonte)