Ilusão de ótica – Programa Mulheres
maio 9, 2013Perda rápida de memória
junho 12, 2013Todo mundo apresenta tremores em situações peculiares: um dia muito frio, um episódio de febre, nervosismo por uma apresentação importante, em momentos de cansaço muscular, etc. Agora, imagina manifestar um tremor constantemente, sempre que precisa utilizar as mãos, por exemplo. Essa é uma situação mais comum do que se imagina e pode configurar um problema que acomete 5 % da população brasileira, o tremor essencial.
Segundo o neurologista Leandro Teles, formado e especializado pela Universidade de São Paulo: “O tremor essencial é uma disfunção neurológica crônica que pode piorar lentamente com o tempo e se tornar incapacitante. Os sintomas geram dificuldades motoras e problemas sociais, uma vez que o paciente parece estar sempre ansioso e inseguro”.
O problema inicia-se geralmente na segunda ou terceira década de vida, o tremor é geralmente nos dois lados, relativamente simétrico e predomina nas mãos, eventualmente na cabeça e na voz. O quadro piora com o movimento do membro ou quando o paciente é observado, melhorando com o repouso do membro e cessando durante o sono. Ainda segundo Teles: “O paciente não apresenta nenhum outro problema neurológico além do tremor e a doença não tem nada a ver, de modo geral, com a temida doença de Parkinson. A causa é, em grande parte, genética, sendo que até metade dos pacientes apresentam história familiar positiva para o mesmo problema”.
Um detalhe interessante sobre o tremor essencial é que o paciente tende a melhorar com o consumo de doses leves a moderadas de álcool (isso ajuda no diagnóstico, mas não é, de forma alguma, recomendado como tratamento). “O tratamento é feito com medicamentos e visa apenas o controle dos sintomas, uma vez que o problema é genético. Alguns pacientes com sintomas sutis preferem ficar sem medicamento e convivem bem com os sintomas. Outros, mais graves, podem necessitar até de procedimento cirúrgicos para manter sua qualidade de vida. É uma doença heterogênea e o tratamento deve ser personalizado à necessidade de cada um”, explica o especialista.
O medo número um de alguém que tem um tremor intenso é de ter, ou desenvolver, a doença de Parkinson (que é, pelo menos, 8 vezes mais rara que o tremor essencial). Por isso convidamos o neurologista a citar 5 diferenças simples entre o tremor essencial e a doença de Parkinson:
1- O tremor essencial é um tremor de ação. Ocorre ou piora quando o paciente estende os braços e mantém os membros esticados. No Parkinson ocorre o contrário, o tremor é de repouso, ocorre ou piora quando o membro fica relaxado, melhorando com o movimento.
2- No tremor essencial o quadro é bilateral e geralmente simétrico. No Parkinson o quadro começa de um lado do corpo e acomete o outro lado durante a evolução clínica.
3- A história familiar de tremor é rara no Parkinson (cerca de 3%) e muito frequente no tremor essencial (até 50 %)
4- No tremor essencial o único problema é o tremor. Já no Parkinson, o paciente apresenta uma série de outros sintomas neurológicos como alteração de marcha, rigidez muscular, lentidão de movimentos, alteração de voz, etc.
5- O Parkinson é muito mais frequente em paciente acima de 60 anos, apesar de existir Parkinson de início anterior aos 40 anos de idade. Já o tremor essencial tem seu pico de incidência entre 20 e 30 anos de idade (apesar de ter casos que se iniciam após os 50, 60 anos).
Fonte: Neurologista Leandro Teles – CRM 124.984 – www.leandroteles.com.br